quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA

A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA
Diz o Catecismo da Igreja Católica :
1130 . - A santa mãe Igreja considera seu dever celebrar, em determinados dias do ano, a memória sagrada da obra da salvação do seu divino Esposo. Em cada semana, no dia a que chamou Domingo, celebra a Ressurreição do Senhor, como a celebra também uma vez no ano, na Páscoa, a maior das solenidades, unida à memória da sua Paixão. Distribui todo o mistério de Cristo pelo correr do ano (...). Com esta recordação dos mistérios da Redenção, a Igreja oferece aos fiéis as riquezas das obras e merecimentos do Senhor, a ponto de os tornar como que presentes a todo o tempo, para que os fiéis, em contacto com eles, se encham de graça”(SC 102).
ANO LITÚRGICO
Chama-se Ano Litúrgico, ao ciclo das Estações e Festas celebradas pela Igreja Católica ao longo de um ano. Também se chama o Calendário Litúrgico, ou Calendário da Igreja, e é um dos meios que o povo cristão tem para se sentir mais integrado na criação, no tempo e no sagrado.
A organização do Ano Litúrgico é regulada, em parte, pelo Sol e pela Lua. As festas imóveis, como o Natal e as festas dos Santos, são baseadas no Calendário solar ou Calendário secular, também chamado Ano Civil.
Estas festas celebram-se todos os anos no mesmo dia do mês, como por exemplo o dia de Natal que é sempre em 25 de Dezembro. As festas móveis, por sua vez, são determinadas de harmonia com, as fases da Lua.
Por exemplo, a festa da Páscoa que é sempre ao domingo, é sempre no domingo que se segue à primeira Lua cheia do Equinócio da Primavera (quando o dia é igual à noite). Assim, como a Quarta-Feira de Cinzas está dependente da Páscoa, fica também regulada, de ano para ano, pela celebração da Páscoa, e o mesmo se diga do tempo da Quaresma.
E todas as festas que seguem à Páscoa e dependem dela, como Ascensão do Senhor, Pentecostes, SS. Trindade, Corpo de Deus e Coração de Jesus, são também festas móveis cuja celebração depende da data da celebração da festa da Páscoa.
Algo diferente do Ano Civil o Ano Litúrgico não tem propriamente princípio nem fim; é como um círculo. Assim o Advento vem em primeiro lugar num sentido popular. Até à Idade Média não havia uma verdadeira uniformidade na celebração do Ano Civil.
Quando Júlio César formou o Calendário Juliano, estabeleceu o Ano Romano de l de Março a l de Janeiro. Até ao ano 700 no Reino dos Francos, e até 1700 em Veneza, o 1 de Março era considerado como o princípio do Ano Civil.
Na França, de 700 até ao século XV, o principio do Ano era a festa da Páscoa. Até ao século XVI, na Escandinávia e na Alemanha, o princípio do Ano era no Natal.
O Ano Litúrgico, nunca coincidiu com o Ano Civil, nem nunca dependeu dele para o começar, desenvolver ou acabar. O Ano Litúrgico nunca foi planeado pela Igreja. Os primeiros cristãos tinham uma experiência pessoal e íntima das festas do calendário judeu em que se comemoravam e celebravam as acções pelas quais foram salvos por Deus.
Era muito natural que os cristãos quisessem dar uma nova luz aos acontecimentos ou celebrações dos Judeus. Assim, muitas festas judaicas e outras pagãs, receberam uma nova luz e passaram a ser celebrações cristãs.
Os primeiros esboços do Ano Litúrgico apareceram nos primeiros séculos do Cristianismo nos mais importantes centros cristãos que eram :
- Na chamada Igreja de Leste, em Constantinopla ou Istambul ( a Turquia de hoje), Jerusalém na Palestina, Antioquia na Síria e Alexandria no Egipto.
- Na chamada Igreja de Ocidente, o mais importante centro foi Roma.
E além de Roma, era também centro de cristandade, Cartago no Norte de África, Toledo em Espanha e Tours na Gália (França). Todos estes centros foram importantes e significativos para o aparecimento e desenvolvimento dos primeiros Anos Litúrgicos.
A influência de Roma na evolução do Ano Litúrgico e o modo como as igrejas locais celebravam o ciclo das festas, foi limitado especialmente pelas dioceses civis dos distritos do Sul da Itália e das três ilhas, Sicília, Sardenha e Córsega.
Mais tarde, a partir do século VI e até ao fim do primeiro Milénio, a deterioração da liturgia de Roma foi de tal modo que Roma já não conseguiu influenciar outras igrejas. Esta situação só mudou nos fins da Idade Média com a autoridade do papado, nessa altura em franco crescimento.
Todavia, não foi apenas a autoridade de uma só Igreja centralizada que influenciou as práticas litúrgicas ou as tradições religiosas na história da primitiva Cristandade. Variações na celebração do Ano Litúrgico, era uma coisa comum.
Acontecimentos secundários nas celebrações da Igreja, tradições religiosas populares e outras motivações que iam aparecendo, continuaram a desenvolver-se no Ocidente entre os povos que emergiam, tais como Anglo-Saxões, Germanos, Francos, Eslavos e Celtas, que viriam a ser os antepassados da moderna Europa.
Nos primeiros séculos da Cristandade, portanto, o Ano Litúrgico não tinha uma unidade estrutural tão evidente como hoje. Isso foi-se desenvolvendo gradualmente e com toda a naturalidade, à volta das comemorações e celebrações dos Grandes Momentos, tais como, por exemplo, a Ressurreição de Jesus.
Veio primeiro o memorial semanal da Ressurreição chamado o Dia do Senhor, Domingo, que era como uma Páscoa semanal. Através da história da Cristandade, o Domingo teria sido o veículo primário para a formação do Ano Litúrgico e a base para os temas religiosos da Cristandade.
Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica :
1168. - Partindo do Tríduo Pascal, como da sua fonte de luz, o tempo novo da Ressurreição enche todo o Ano Litúrgico da sua claridade.
Ininterruptamente, dum lado e do outro desta fonte, o ano é transformado pela Liturgia. É realmente "ano da graça do Senhor"...
1171. - O ano litúrgico é o desenrolar dos diferentes aspectos do único mistério. Isto vale sobretudo para o ciclo das festas à roda do mistério da Encarnação (Anunciação, Natal e, Epifania), que comemoram o princípio da nossa salvação e nos comunicam as primícias do mistério da Páscoa, para a celebração da Vida Litúrgica.
A principal característica do movimento litúrgico apontado pela Constituição do Concílio Vaticano II sobre a Sagrada Liturgia (SC), foi a sua influência na celebração da Liturgia na vida de todos os dias dos seus participantes.
Assim, a "Vida Litúrgica" é a vida em união com Cristo e com a Igreja, realizada na Liturgia e plenamente assimilada como um todo na vida de cada um.
É o que diz o Proémio da Constituição sobre a Sagrada Liturgia :
- O Sagrado Concilio propõe-se fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições susceptíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja. Julga, por isso, dever também interessar-se de modo particular pela reforma e incremento da Liturgia.
Para cada pessoa a Vida Litúrgica começa com a sua entrada no povo de Deus pelo Baptismo, é renovada dia a dia pela celebração do Ano Litúrgico, é celebrada pelos Sacramentos no seu devido tempo e culmina com a salvação eterna.
A vida litúrgica é tão importante que a Constituição diz ainda :
- Portanto, qualquer celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, acção sagrada por excelência, cuja eficácia, com o mesmo título e no mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra acção da lgreja.(SC 7).
Para termos uma verdadeira noção do que é a Vida Litúrgica, é necessário, antes de mais que haja um Planeamento Litúrgico.
Para uma maior eficácia das celebrações litúrgicas de harmonia coma as últimas reformas da Liturgia, especialmente a Santa Missa, a Instrução Geral do Missal Romano propõe uma Escolha da Missa e das suas partes no seu capítulo VII, que diz :
313. - A Eficácia pastoral da celebração aumentará certamente, se a escolha das leituras, orações e cânticos se fizer, dentro do possível, de modo a corresponder às necessidades, à formação espiritual, à mentalidade dos que nela tomam parte. Isto consegue-se, usando criteriosamente da múltipla liberdade de escolha que se descreve a seguir. Por isso, o sacerdote, no ordenamento da Missa, deve atender, mais que aos seus gostos pessoais, antes e acima de tudo ao bem espiritual da comunidade reunida.
Lembre-se, além disso, de que convém fazer a escolha das partes da Missa de comum acordo com os ministros e as outras pessoas chamadas a desempenhar qualquer ministério na celebração, sem excluir os próprios fiéis, naquilo que mais directamente lhes diz respeito.
Sugere-se para o efeito, uma "folha" bem organizada que se distribui a todos os ministros e aos fiéis em geral, para uma celebração reverente e eficaz.
Os Boletins Paroquiais podem dar uma grande ajuda na ordem e planeamento da Liturgia, com a devida antecedência.

John Nascimento

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