quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Inicio da RCC

E ASSIM TUDO COMEÇOU



Por Edna Lúcia

(Coordenadora o Grupo de Oração Sacrário Vivo)





O início da Renovação Carismática Católica é a maior prova de que o Espírito Santo de Deus sopra onde quer, sem precisar da interferência do homem. O próprio Espírito suscitou o Movimento dentro da Igreja. Escolheu e capacitou os escolhidos. Provocou todas as transformações e libertou as testemunhas, as quais dão provas do poder de Deus em suas vidas e na Igreja. (Jo 3,8) “O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes donde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito.”

O Século XX foi definido como sendo o Século da Igreja Católica, tendo sido neste século o avivamento do Espírito Santo dentro dessa mesma Igreja. Isso aconteceu com o surgimento de vários movimentos, mas especialmente com o surgimento da Renovação Carismática Católica, derramando uma Água Viva sobre a Igreja. A mesma Água e o mesmo Espírito prometidos por Jesus, trazendo assim a presença libertadora do Espírito Santo. (Jo 4,10) “Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele lhe daria uma água viva”. (Jo 16,13) “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão.”

O Papa Leão XIII publicou em maio de 1897, a Encícica Divinum Illud Múnus sobre o Espírito Santo a qual diz que: "lamentando que o Espírito Santo fosse pouco conhecido e apreciado, concita o povo a uma devoção ao Espírito". Essa “fala” do Papa levou a Igreja a refletir sobre o papel do Espírito Santo dentro da Igreja Católica Apostólica Romana.

A História da Igreja Católica começou a ser mudada a partir da convocação de 25 de dezembro de 1961, através da Constituição Apostólica Humanae Salutis. Daí iniciou-se a mudança dentro da Igreja ficando como marco o Concílio Vaticano II (1962-1965).

Um dos maiores méritos do Concilio, entre tantos, foi o de descobrir, ou redescobrir, os movimentos dentro da Igreja, como: Movimento Bíblico, Movimento Ecumênico, entre tantos outros. Mas todos traziam algo em comum: "renovar a vida da Igreja e dos batizados a partir de um retorno às origens cristãs”.

Finalmente, depois de quatro etapas conciliares, o Papa Paulo VI encerrou o Concílio Ecumênico Vaticano II, também conhecido como “O Concílio do Espírito Santo” em uma cerimônia ao ar livre, na Praça de São Pedro, em Roma, no dia 8 de dezembro de 1965.

O Concílio Vaticano II foi uma resposta de Deus ao pedido ardente de João XXIII, o qual havia suplicado o derramamento do Espírito Santo na Igreja Católica, pois o Papa estava consciente de que a Igreja necessitava de um novo pentecostes.

Para o Concílio Vaticano II, o Concílio do Espírito Santo, a Igreja é intrinsecamente Carismática, não havendo distinção entre "carisma" e "ministério" ou "carisma" e "instituição", sendo todos iguais perante o documento, e essenciais para a vida da Igreja. A partir daí tomou-se nota de que o Espírito Santo guia a Igreja e a "unifica na comunhão e no ministério; dota-a e dirige-a mediante os diversos dons hierárquicos e carismáticos".

A Renovação Carismática foi um evento, que permanece firme até os dias de hoje, que está intimamente ligada ao Concilio Vaticano II. A Renovação Carismática surgiu na Igreja em um momento de necessidade de trilhar caminhos que levassem à Renovação da Igreja. Um desejo ou uma ordem do Concilio Vaticano II.

E não deu outra.

Em 1966, o Espírito Santo começou a agir fervorosamente dentro da Igreja. Menos de um ano depois do Concilio, um fenômeno começou a surgir na Igreja e já veio denominado de RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA.

Um grupo de Universitários, da Universidade de Duquesne, em Pettsburg, na Pensylvania, nos Estados Unidos, em um retiro, datado de 17 a 19 de fevereiro de 1967, foram os primeiros a receber a graça do derramamento do Espírito Santo dentro da Igreja. Isso mudou radicalmente, não apenas a vida deles, mas a história da Igreja Católica.

Uma das Universitárias que participou do retiro escreveu em uma carta ao seu professor, dois meses depois do acontecido: “Tivemos um Fim de Semana de Estudos nos dias 17-19 de fevereiro. Preparamo-nos para este encontro, lemos os Atos dos Apóstolos e um livrinho intitulado ‘A Cruz e o Punhal’ de autoria de David Wilkerson. Eu fiquei particularmente impressionada pelo conhecimento do poder do Espírito Santo e, pelo vigor e a coragem com que os apóstolos foram capazes de espalhar a Boa Nova, após o Pentecostes. Eu supunha, naturalmente, que o Fim de Semana me seria proveitoso, mas devo admitir que nunca poderia supor que viria a transformar a minha vida!

Durante os nossos grupos de discussão, um dos líderes colocou em tela o fato de que nós devemos confirmar constantemente os nossos votos de Batismo e de Crisma, assim como devemos ter a alma mais aberta para o Espírito de Deus. Pareceu-me curioso, mas um pouco difícil de acreditar quando me foi dito que os dons carismáticos concedidos aos apóstolos são ainda dados às pessoas nos dias atuais – que ainda existem sinais do poder divino e milagres – e que Deus prometeu emanar o seu Espírito para que se fizesse presença a todos os seus filhos. Decidimos, então, efetuar a renovação dos votos de Batismo e de Crisma como parte do serviço da missa de encerramento, no domingo à noite. Mas, no entanto, o Senhor tinha em mente outras coisas para nós!...

No sábado à noite, tínhamos programado uma festinha de aniversário para alguns dos colegas, mas as coisas foram simplesmente acontecendo sem alternativa. Fomos sendo conduzidos para a capela, um de cada vez, e recebendo a graça que é denominada de Batismo no Espírito Santo, no Novo Testamento. Isto aconteceu de maneiras diversas para cada uma das pessoas. Eu fui atingida por uma forte certeza de que Deus é real e que nos ama. Orações que eu nunca tinha tido coragem de proferir em voz alta, saltavam dos meus lábios. (...) Este não era, pois um simples bom fim de semana, mas, na realidade, uma experiência transformadora de vida que ainda está prosseguindo e se desenvolvendo em crescimento e expansão.

Os dons do Espírito já são hoje manifestados – e isto eu posso testemunhar, porque tenho ouvido pessoas orando em línguas, outras praticam curas, discernimento de espíritos, falam com sabedoria e fé extraordinárias, profetizam e interpretam.

(…) Eu me vi, de repente, conversando com as pessoas sobre Cristo, e, vendo desde logo o resultado desse trabalho! Eu jamais teria ousado fazer essas coisas no passado, mas agora, é ao contrário: é impossível deixar de fazê-lo. É como disseram os apóstolos depois de Pentecostes: ‘Como podemos deixar de falar sobre as coisas que vimos e ouvimos!’ “

Esse evento ficou conhecido em todo o mundo como “O Fim de semana de Duquesne”. Podemos dizer, então, que esse foi o marco inicial da Renovação Carismática Católica, partindo dos Estados Unidos para todo o mundo, passando por todos os continentes, países, cidades e até a nossa pequena Paróquia de Dom Orione, chegando até você que lê esse ensino.

A manifestação do Espírito Santo vivido por aqueles universitários, tendo como característica o reavivamento da fé através da oração pessoal e comunitária, do desejo de pregar o Evangelho, da manifestação dos dons carismáticos, da mudança de vida e do amor pela Santa Madre Igreja e aos irmãos, se estende até os dias de hoje e continua sendo o presente de Deus para todos aqueles que se predispõem a viver o pentecostes.

Naturalmente surgiram os Grupos de Oração, as Comunidades de Vida e foram se organizando, através das reuniões, seminários e encontros, grupos de formação, entre tantos outros. Os testemunhos foram se multiplicando e mais uma vez a promessa de Deus foi se cumprindo. Os coxos, os aleijados, os pecadores, os ex presidiários, os viciados, os “tortos” e muitos outros, foram se convertendo e se transformando em testemunhas vivas do poder de Jesus. (Joel 3, 1-5) “Depois disso acontecerá que derramarei meu Espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos, e vossos jovens terão visões. Naqueles dias derramarei também o meu Espírito sobre os escravos e as escravas. Farei aparecer prodígios no céu e na terra, sangue, fogo e turbilhões de fumo. O sol converter-se-á em trevas e a lua, em sangue, ao se aproximar o grandioso dia do Senhor. Mas todo o que invocar o nome do Senhor será poupado, porque, sobre o monte Sião e em Jerusalém, haverá um resto, como o Senhor disse, entre os sobreviventes estarão os que o Senhor tiver chamado.” E mais em: (Is 43, 9-10) “Que todas as nações se congreguem e que os povos se reúnam! (...) Vós sois minhas testemunhas, diz o Senhor, e meus servos que eu escolhi, a fim de que se reconheça e que me acreditem e que se compreenda que sou eu. Nenhum Deus foi formado antes de mim, e não haverá outros depois de mim.”

Apesar de ter seu marco inicial em Duquesne, nos Estados Unidos, não se pode dizer que seja um Movimento Americano. Ao contrário disso, a Renovação Carismática Católica é um ato do Espírito Santo dentro da Igreja e explodiu quase que simultaneamente em todos os cantos da terra. Só podemos atribuir esse fogo expansivo ao próprio Espírito Santo. Ao desejo intrínseco no coração do próprio Deus. É o que disse o Cardeal Suenens “sem nenhum contato entre si, parece que o Espírito Santo suscitou em vários lugares do mundo experiências que, se não são iguais, certamente são semelhantes”.





Edna Lúcia Goulart Barbosa

Coordenadora do Grupo de Oração Sacrário Vivo

Renovação Carismática Católica

Paróquia Dom Orione – Palmas - TO

PORQUE A BÍBLIA CATÓLICA TEM MAIS LIVROS QUE A BÍBLIA PROTESTANTE (EVANGÉLICA)?

Sabemos que Deus quis falar aos homens, dando origem à Sagrada Escritura. Tenho visto, e ouvido, calorosas discussões entre evangélicos e católicos sobre a diferença na quantidade de livros da bíblia sagrada; a bíblia protestante ou evangélica com 66 livros catalogados, a católica com 74(73). O que me faz perguntar: quantos e quais são os livros sagrados? Qual é o verdadeiro catálogo?




Para entender melhor acerca dos catálogos é importante conhecer alguns termos (Nomenclatura) que iremos utilizar neste estudo: Cânon, do grego kanón = regra, medida →catálogo; Canônico = livro catalogado — o que implica, ser inspirado no sentido teológico; Protocanônico = livro catalogado próton, isto é, em primeiro lugar ou sempre catalogado; Deuterocanônico = livro catalogado déuteron ou em segunda instância, posteriormente (após ter sido controvertido);

Apócrifo, do grego apókryphon = livro oculto, isto é, não lido nas assembléias públicas de culto, reservado à leitura particular em conseqüência, livro não canônico ou não catalogado, embora tenha aparência de livro canônico (Ex: Evangelho segundo Tomé, Evangelho da Infância, Assunção de Moisés,...).

Os apócrifos, durante séculos, eram tidos como desprezíveis portadores de lendas, mas hoje tem sido reconhecidos como valiosos para a história do Cristianismo, pois através de suas afirmações entendemos o modo de pensar dos judeus e cristãos dos séculos pouco anteriores e pouco posteriores a Cristo (século II a.C. até século V d.C.); podem conter informações verdadeiras que não foram consignadas pelos autores sagrados (os nomes dos genitores de Maria SS., a Apresentação de Maria no Templo aos três anos de idade, a assunção corporal de Maria após a morte); contêm sentenças de hereges, que contribuem para a compreensão da história do Cristianismo, etc.

O Cânon católico compreende 47 livros do A.T., se for entendido como unidade distinta a carta de Jeremias (= Baruque 6): se, assim não o fizer, considera-se a carta como sendo o capítulo 6 de Baruque, nesse caso o total é de 46 livros. No Novo Testamento há 27 livros, o que perfaz 74 (73) livros sagrados ao todo.

A história do Cânon ou a maneira como se foram formando os catálogos do Antigo e do Novo Testamento respectivamente, começaram a ser escritos de forma esporádica.

As passagens bíblicas começaram a ser escritas muito antes de Moisés: é importante observar que a escrita era uma arte rara e cara na antiguidade. No século XIII a.C. Moisés foi quem primeiro codificou as tradições orais e escritas de Israel. Tradições (leis, narrativas, peças litúrgicas) que foram sendo aos poucos acrescidas por novos escritos no passar dos séculos, assim foi-se formando a sagrada biblioteca de Israel.




Cânon do Antigo Testamento:




No século l da era cristã, começaram a surgir os livros cristãos (as cartas, os Evangelhos...), eram apresentados como a continuação dos livros sagrados dos judeus. Por sua vez, os judeus que não aceitaram a Cristo, impediram a junção de livros judeus com livros cristãos. O que deu origem ao sínodo de Jâmnia ou Jabnes ao Sul da Palestina, onde os rabinos reuniram-se, por volta do ano 100 d.C., com a finalidade de estabelecer os critérios que deveriam caracterizar os livros sagrados ou inspirados por Deus. Ficou definido que: só é sagrado os livros escritos na terra de Israel; em linguá hebraica, ficando excluída, a aramaica e a grega; apenas até o tempo de Esdra (458-428 a.C.); em plena consonância com a Torá ou Lei de Moisés, sem nenhuma contradição.

Em conseqüência, os judeus da Palestina fecharam o seu Cânon sagrado sem reconhecer livros e escritos que não obedeciam a tais critérios. Acontece, porém, que em Alexandria (Egito) havia próspera colônia judaica, que, vivendo em terra estrangeira e falando língua estrangeira (o grego), não adotou os critérios nacionalistas estipulados pelos judeus de Jâmnia. Os judeus de Alexandria chegaram a traduzir os livros sagrados hebraicos para o grego entre 250 e 100 a.C., dando assim origem à versão grega dita “Alexandrina” ou dos Setenta Intérpretes”. Essa edição grega bíblica encerra livros que os judeus de Jâmnia não aceitaram, mas que os de Alexandria liam como palavra de Deus; assim os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruque, Eclesiástico (ou Siracides), 1º e 2º Macabeus, além de Ester 10,4-16,24; Daniel 3,24-90; 13-14.

Podemos, pois, dizer que havia dois cânones entre os judeus no início da era cristã: o restrito da Palestina, e o amplo de Alexandria.

Ora acontece que os Apóstolos e Evangelistas, ao escreverem o Novo Testamento em grego, citavam o Antigo Testamento, usando a tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta diferia do texto hebraico; tenham-se em vista Mt 1,23 (→ Is 7,14); Hb 10,5 (→ SI 39/40,7); Hb 10,37s (Hab 2,3s); At 15,16s (→ Am 9,11s). O texto grego tornou-se a forma comum entre os cristãos; em conseqüência o Cânon amplo, incluindo os sete livros e os fragmentos citados, passou para o uso dos cristãos.

Verificamos também que nos escritos do Novo Testamento há citações implícitas dos livros deuterocanônicos. Assim, por exemplo, Rm 1,19-32 → Sb 13,1-9; Rm 13,1 → Sb 6,3; Mt 27,43 → Sb 2,13. 18; Tg 1,19 → Eclo 5,11; Mt 11,29s → Eclo 51, 23-30; Hb 11,34s → 2Mc 6,18-7,42; Ap 8,2 → Tb 12,15.

Deve-se, por outro lado, notar que não são (nem implicitamente) citados no Novo Testamento livros que, de resto, todos os cristãos têm como canônicos; assim Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute.




Nos mais antigos escritos patrísticos são citados os deuterocanônicos como Escritura Sagrada: Clemente Romano (em cerca de 95), na epístola aos Coríntios, recorre a Jt, Sb, fragmentos de Dn, Tb e Eclo; o Pastor de Hermas, em 140, faz amplo uso do Eclo e do 2 Mc (cf. Semelhanças 5,3.8; Mandamentos 1,1...); Hipólito († 235) comenta o livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos.; cita como Escritura Sagrada Sb, Br e utiliza Tb, 1/2 Mc.




Nos séculos ll a lV houve dúvidas entre os escritores cristãos com referência aos sete livros, pois alguns se valiam da autoridade dos judeus de Jerusalém para hesitar; outros deixavam de lado os deuterocanônicos, porque não serviam para o diálogo com os judeus. Finalmente, porém, prevaleceu na Igreja a consciência de que o cânon do Antigo Testamento deveria ser o de Alexandria, adotado pelos Apóstolos. Sabemos que das 350 citações do Antigo Testamento no Novo, 300 são tiradas da versão dos Setenta. Em conseqüência, os Concílios regionais de Hipona (393), Cartago III (397), Cartago IV (419) Trulos (692) definiram sucessivamente o Cânon amplo como sendo o da Igreja. Esta definição foi repetida pelos Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546), Vaticano 1(1870).

S. Jerônimo († 421) foi, sem dúvida, uma voz destoante neste conjunto. Tendo ido do Ocidente para Belém da Palestina a fim de aprender o hebraico! Assimilou também o modo de pensar dos rabinos da Palestina neste particular.

Durante a Idade Média pode-se dizer que houve unanimidade entre os cristãos a respeito do Cânon.

No século XVI, porém, Martinho Lutero (1483-1546), querendo contestar a Igreja, resolveu adotar o Cânon dos judeus da Palestina, deixando de lado os sete livros e os fragmentos deuterocanônicos que a Igreja recebera dos judeus de Alexandria. É esta a razão pela qual a Bíblia dos protestantes ou evangélicos não tem sete livros e os fragmentos que a Bíblia dos católicos inclui. Para dirimir as dúvidas, observamos que:

— os critérios adotados pelos judeus de Jâmnia para não reconhecer certos livros sagrados eram critérios nacionalistas; tal nacionalismo decorria do fato de que desde 587 a.C. os judeus estavam sob domínio estrangeiro, que muito os aborrecia;

— é o Espírito Santo quem guia a Igreja de Cristo e fez que, após o período de hesitação (séc. I-IV), os cristãos reconhecessem como válido o cânon amplo.

Aliás, o próprio Lutero traduziu para o alemão os livros deuterocanônicos na sua edição alemã datada de 1534, o catálogo é o dos católicos, o que bem mostra que os deuterocanônicos eram usuais entre os cristãos. Não foi o Concílio de Trento que os introduziu no cânon. De resto, as Sociedades Bíblicas protestantes até o séc. XIX incluíam os deuterocanônicos em suas edições da Bíblia.

Para os católicos, os livros deuterocanônicos do Antigo Testamento são tão valiosos como os protocanônicos; são a Palavra de Deus inerrante, que, aliás, os próprios judeus da Palestina estimavam e liam como textos edificantes. Por exemplo, os próprios rabinos serviam-se do Eclesiástico até o séc. X como Escritura Sagrada; o 1Mc era lido na festa de Encênia, ou da Dedicação do Templo (Hanukkah). Baruque era lido em alta voz nas sinagogas do séc. IV d.C., como atestam as Constituições Apostólicas. De Tobias e Judite temos midrachim ou comentários em aramaico, que atestam como tais livros eram lidos na sinagoga.




Cânon do Novo Testamento:




O catálogo dos livros do Novo Testamento também foi objeto de dúvidas na Igreja antiga, mas hoje é unanimemente reconhecido por católicos e protestantes. Os livros controvertidos e, por isto, chamados deuterocanônicos do Novo Testamento são os seguintes: Hb, Ap, Tg, 2Pd, Jd, 2/3 Jo. Vejamos o porquê das hesitações:

Hebreus: a carta não indica nem autor nem destinatários. Os cristãos orientais a tinham como paulina, ao passo que os ocidentais não. Entre os latinos, em meados do séc. III, os novacianos rigoristas (que ensinavam haver pecados irremissíveis) valiam-se de Hb 6,4-8 para propor sua tese errônea. Por isto, os autores ortodoxos relegaram Hebreus para o esquecimento até a segunda metade do séc. IV, quando S. Ambrósio e S. Agostinho a reconsideraram. Hoje todos os cristãos a reconhecem como carta canônica (= Palavra de Deus), embora reconheçam que não é diretamente da autoria de S. Paulo.

Apocalipse: nos primeiros séculos discutia-se a autoria era mesma de João, entre os orientais. Também ocorria que uma facção dita “milenarista” apelava para Ap 20,1-15 a fim de afirmar um reino milenar e pacífico de Cristo sobre a terra antes da consumação da história. Por isto o Apocalipse foi objeto de suspeitas, que cederam ao reconhecimento unânime no séc. IV.

Tiago: também foi discutida a autoria deste escrito, que, além do mais, parecia contradizer a S. Paulo em Rm e GI; a fé sem as obras seria morta (cf. Tg 2,14-24). Prevaleceu, porém, a consciência de que é escrito canônico, perfeitamente conciliável com S. Paulo; ao passo que este afirma que a fé sem obras (sem méritos do individuo) basta para entrarmos na amizade com Deus (ninguém compra a amizade), S. Tiago quer dizer que ninguém persevera na graça se não pratica boas obras ou se não vive de acordo com a fé. Portanto, São Paulo trata do ingresso na amizade com Deus, São Tiago trata da perseverança na mesma.

Judas: esta carta também teve a sua autoria discutida. Por citar os apócrifos: “Assunção de Moisés” (v. 9) e Apocalipse de Henoque” (v. 14s) a tornou suspeita. Este fato, porém, nada significa, porque S. Paulo cita os escritores gregos de Epimênides e Aratos, em Tt 1,12 e At 17,28 respectivamente, sem que Tt e At tenham sido excluídos do cânon por causa disto.

A 2Pd, as 2/3Jo da mesma forma foram controvertidas nos três primeiros séculos por motivos de pouca importância. — A 2Pd por teoricamente ser uma reedição ampliada de Jd; razão pela qual, foi motivo de questionamentos. As 2/3Jo, sendo bilhetes pequenos, de pouco conteúdo teológico, nem sempre foram consideradas canônicas.

Conforme já mencionado, em 393 o Concílio de Hipona definiu o cânon completo da Bíblia, incluindo os sete escritos controvertidos ou deuterocanônicos do Novo Testamento.




O Concílio do Vaticano ll define: “Pela Tradição torna-se conhecido á Igreja o cânon completo dos livros sagrados. As próprias Sagradas Escrituras são, mediante a Tradição, cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem, sem cessar, atuantes. Assim o Deus que outrora falou, mantém um permanente diálogo com a Esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja..., leva os fiéis a toda verdade e faz habitar neles copiosamente a Palavra de Cristo” (Dei Verbum n° - 8).




Assim sendo, quanto ao cânon verdadeiro para os cristãos, não resta dúvida que é o ampliado de Alexandria, já que se considerarmos o cânon restrito da palestina, teremos que excluir todo o Novo Testamento, por não atender os critérios do sínodo de Jâmnia ou Jabnes, o que seria o fim do cristianismo. A própria Bíblia não define o seu catálogo. Portanto, este só pode ser depreendido mediante a Tradição (= transmissão) oral, que de geração em geração foi entregando os livros sagrados ao povo de Deus, indicando-os, ao mesmo tempo, como livros inspirados e, por conseguinte, canônicos. Essa tradição oral viva fala até hoje pelo magistério da Igreja, que não é senão o eco autêntico da Tradição oral.









Bibliografia:

HARRINGTON, WILFRID, Chave para a Bíblia. Ed. Paulinas 1985.

ARENHOVEL, DIEGO, Assim se formou a Bíblia. Ed. Paulinas 1978.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Os santos intercedem por nós?

Achei esse tópico em um site, muito bom, era de uma mulher chamada Ana que vivia sendo atormentada por uma amiga Adventista, sobre a questão de pedir intercessão dos santos.... Amados... o artigo é muito bom e foi tirado do site: http://www.montfort.org.br

São vários trechos, na Bíblia, que atestam o estado de consciência dos mortos. Tanto é que está escrito: "Abel... mesmo depois de morto, ele ainda fala"(Hb 11,4). Bem como, é claríssimo o testemunho a respeito de Lázaro (e mesmo do rico) conscientes no outro mundo, conforme relata o Evangelho de Lucas capítulo 16. Lázaro recebendo bênçãos e o rico, tormentos.

Ainda mais se tomarmos, em conta, as passagens dos sagrados textos deuterocanônicos, como as do livro dos Macabeus; o qual claramente revela-nos que o santo profeta Jeremias, que morrera séculos antes, no outro mundo, está consciente e intercedendo pelo povo de Deus: "Este é o amigo dos seus irmãos, aquele que muito ora pelo povo e por toda a cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus"(2 Mac 15,14). [Só, por essa passagem, já cai completamente por terra a infeliz tese adventista. O problema é que, os protestantes protestaram até contra a Palavra Escrita de Deus, e acabaram ficando com uma bíblia imperfeita e incompleta - a fim de mais facilmente sustentarem as suas heresias. Mas para quem não é herético e pertence a verdadeira e única Igreja de Deus, basta-lhe esse trecho do livro dos Macabeus.].

E aproveito para chamar a atenção de que nós não nos dirigimos aos santos para pedir-lhes, tão-somente, que roguem por nossas necessidades materiais; mas também para que os mesmos louvem, incessantemente, ao Altíssimo, como é expressado nos Salmos: "Bendizei a Iahweh, todas as suas obras, nos lugares todos que ele governa" (Sl 103(102),22). "Louvai-o todos os anjos, louvai-os seus exércitos todos!" (Sl 148,2). Percebam que estamos, por tais trechos dos Salmos, falando com estes seres celestiais, os quais, não são Deus. Portanto, fica igualmente demonstrado que não é somente a Deus que podemos dirigir nossas palavras (nas nossas orações).

Reforço ainda o que foi supracitado, mencionando um passo deuterocanônico do livro de Daniel -- em que o servo de Deus, Zacarias, na fornalha acesa, orava: "Vós, espíritos e almas dos justos, bendizei ao Senhor, louvai-o e exaltai-o para sempre" (Dn 3,86).

Os Santos de Deus, ainda que estejam mortos fisicamente, sempre permanecem espiritualmente vivos. Jesus mesmo disse: "As minhas ovelhas escutam a minha voz... e elas jamais perecerão" (Jo 10,27s.), e ainda: "Se alguém guarda a minha palavra, jamais verá a morte" (Jo 8,51). [Mas os apóstolos e outros santos não morreram?... Morreram fisicamente, porém espiritualmente continuam vivos; de outra maneira, as palavras de Cristo teriam falhado.]

Está escrito: "Ainda que Abraão não nos conhecesse e Israel não tomasse conhecimento de nós, tu, Iahweh, és nosso pai" (Is 63,16). Note que o profeta Isaías, cerca de mil anos depois das mortes desses patriarcas, cita-os como sendo pessoas que têm conhecimento do que se passa com o Povo de Deus, aqui na terra. [A frase tem o seguinte significa: ainda que fosse possível aos referidos santos patriarcas esquecerem-se de nós, ainda assim não nos desesperaríamos pois Deus é nosso pai. É semelhante àquela outra citada pelo mesmo profeta: "Por acaso uma mulher se esquecerá de sua criancinha de peito?... Ainda que as mulheres se esquecessem eu não me esqueceria de ti" (Is 49,15).].

E também: "Vós vos aproximastes do monte Sião e da Cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e de milhões de anjos reunidos em festa... de Deus, o Juiz de todos, e dos espíritos dos justos que chegaram à perfeição" (Hb 12,22-23). Portanto, já não sois estrangeiros e adventícios, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus" (Ef 2,19).

Nós nos aproximamos de toda a realidade celestial: de Deus, dos anjos, e dos santos. Somos (os católicos) cidadãos, "com" todos os filhos da Luz, desse reino celetial. Mais até: estamos irmanados a eles, já que constituímos - com os mesmos - uma única e mesma sagrada família. Cientes, por conseguinte, que: "Estamos em comunhão uns com os outros" (1 Jo 1,7). Ligados pelo inquebrantável vínculo do amor (da caridade, que jamais passa).

Sra Ana aproveite e pergunte para a sua amiga: E quanto aos santos Henoc e Elias? Estes foram arrebatados para não conhecerem a morte (cf. Hb 11,5; 2 Rs 2,11). A estes, os adventistas não podem alegar que estejam "dormindo". Lembre-lhe, ainda, que nós católicos confessamos que a santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, encontra-se no céu de corpo e alma.

De modo que, o Cultos aos Santos é sempre Culto a Vivos, ao menos vivos espiritualmente (como são os mártires); quando não, nalguns casos, como o da Santa Virgem, ou de Henoc e Elias, é também Culto a Vivos corporalmente. Além do mais, o Culto aos Santos abrange aos santos seres angelicais - os anjos - que, certamente, nunca "adormeceram". [É culto de veneração às santas criaturas, jamais de adoração!].


PS.: Sei que fui deveras sucinto sobre tal temática, todavia espero que seja útil. [E sempre lembrando, que tudo que eu escrevo está, e estará sempre, sujeito a um maior e melhor juízo, que é o da Santa Madre Igreja.] Quanto à questão do sábado, quiçá, numa outra oportunidade.


Bibliografia

- BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996.

20 Razões porque não sou PROTESTANTE!!!!!

1- Não sou protestante porque o protestantismo não existe desde o princípio do Cristianismo. Surgiu 1500 anos depois da era Apostólica. Suas igrejas são locais, regionais ou nacionais, não existindo uma Igreja Universal.

2 - Não sou protestante porque apesar da afirmação de que somente a Bíblia deve ser considerada como norma de fé e prática, eles não concordam entre si no tocante a pontos importantes, entrando assim, em contradições. São mais de 20.000 mil denominações diferentes. Cada uma pregando uma suposta verdade.

3- Não sou protestante porque atribuem a si próprios o direito de interpretar a Bíblia. Acreditam ter uma iluminação pessoal vinda do Espírito Santo sem intermediários, ou seja, sem a Igreja. O mais interessante é a diferença que o Espírito Santo manifesta em cada uma das centenas (talvez milhares) de ramificações do protestantismo.

4- Não sou protestante porque a doutrina não tem unidade, as igrejas não são infalíveis em questões de moral e fé. Suas hierarquias não são rígidas, os preceitos são secundários. A salvação está em somente crer em Cristo, mas sabemos que não basta somente crer, pois, é preciso viver a fé, e vivê-la em santidade. Daí os Mandamentos. Daí a moral que a Igreja ensina. Dizer que a salvação vem somente do crer em Cristo, é continuar vivendo vida injusta ou dissoluta, é mentir à própria consciência.

5- Não sou protestante porque apesar deles lerem a Bíblia (embora sem alguns livros e com interpretações diversas) não possuem nenhuma autoridade superior Infalível, para declarar que uma palavra tem tal sentido, e exprime tal verdade.

6 - Não sou protestante porque eles negam a Tradição oral. Sendo que na própria Bíblia, Paulo recomenda os ensinamentos de viva voz (Tradição) que nos foram transmitidos por Jesus e passam de geração em geração no seio da Igreja, sem estarem escritos na Bíblia. Confira em (2 Tim 1,12-14).

7- Não sou protestante porque algumas denominações batizam crianças, outras não as batizam; algumas observam o domingo; outras, o sábado; algumas têm bispos; outras não os têm; algumas têm hierarquia; outras entregam o governo da comunidade à própria congregação; algumas fazem cálculos precisos para definir a data do fim do mundo. Outras não se preocupam com isto, etc.

8- Não sou protestante porque há passagens da Bíblia que eles não aceitaram como tais; a Eucaristia, por exemplo, Jesus disse claramente: Isto é o meu corpo (Mateus 26,26) e Isto é o meu sangue (Mateus 26,28).

9- Não sou protestante porque os supostos intérpretes da Bíblia não aceitam a real presença de Cristo no pão e no vinho consagrado, sendo que em (João 6,51) Jesus afirma: O pão que eu darei, é a minha carne para a vida do mundo. Aos judeus que zombavam, o Senhor tornou a afirmar: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Pois a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue é uma verdadeira bebida.

10- Não sou protestante porque os mesmos não reconhecem o primado de Pedro, sendo que o próprio Jesus disse; Tu és Pedro (Kepha) e sobre esta pedra (Kepha) edificarei a minha Igreja; (Mateus16,18).

11- Não sou protestante porque eles não aceitam o sacramento do perdão e da reconciliação. Sendo que Jesus entregou aos Apóstolos e seus sucessores, a faculdade de perdoar ou não os pecados, e agir em nome dele. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem não perdoardes, não serão perdoados" (Jo 20,23)

12- Não sou protestante porque Jesus disse que edificaria sua Igreja sobre Pedro (Mateus 16,18), e as igrejas protestantes são constituídas sobre Lutero, Calvino, Knox, Wesley, etc...Entre Cristo e estas denominações há um hiato...Somente a Igreja Católica remonta até Cristo.

13- Não sou protestante porque Jesus prometeu à sua Igreja que estaria com ela até o fim dos tempos (Mateus 28,20), e os mesmos se afastam da única Igreja de Cristo, para fundar novas igrejas; que se vão dividindo, subdividindo e esfacelando cada vez mais, empobrecendo e pulverizando a mensagem do Evangelho.

14- Porque o subjetivismo protestante entra pelos caminhos do racionalismo e vêm a ser os mais ousados roedores das Escrituras (tal é o caso de Bultmann, Marxsen, Harnack, Reimarus, Baur...) Outros preferem adotar cegamente o sentido literal, sem o discernimento dos expressionismos próprios dos antigos semitas ; o que distorce, de outro modo, a genuína mensagem Bíblica.

15- Não sou protestante porque quem lê um folheto protestante dirigido a Igreja Católica, lamenta o baixo nível das argumentações, sendo imprecisas, vagas, ou mesmo tendenciosas; afirmam gratuitamente sem provar as suas acusações; baseiam-se em premissas falsas, datas fictícias, anacronismos etc.

16- Não sou protestante porque: eles protestam, criticam, censuram a fé Católica para substituí-la pela negação, pela revolta contra a autoridade do Papa etc. Esse é o laço que os une, pois a essência do protestantismo é a negação da Igreja Católica.

17 -Não sou protestante porque cada qual dá à Escritura o sentido que julga dar, e assim se vai diluindo e pervertendo cada vez mais a mensagem revelada. Lêem apenas, mas tem grandes dificuldades de estudarem a Bíblia e as antigas tradições do Cristianismo.

18- A grande razão pela qual o protestantismo se torna inaceitável ao Cristão que reflete é o subjetivismo que o impregna visceralmente. A falta de referenciais seguros, garantidos pelo próprio Espírito Santo (conforme João 14,26 e João 16,13I), é o principal ponto fraco ou calcanhar de Aquiles do protestantismo.

19- Não sou protestante porque esta diluição do protestantismo e a perda dos valores típicos do Cristianismo, estão na lógica do principal fundador Martinho Lutero;que apregoava o livre exame da Bíblia ou a leitura da Bíblia sob as luzes exclusivas da inspiração subjetiva de cada protestante; cada qual tira das Escrituras "o que bem lhe convém

20- Concluindo! Não sou protestante porque Maria Santíssima disse: Desde agora, todas as gerações me chamarão de Bem-aventurada; (Lucas 1.48), e nos cultos protestantes, seu nome, sequer é mencionado. Caiu no esquecimento. Quem cumpre (Lucas 1.48) é somente a Igreja Católica Apostólica Romana

Por que as corsas suspiram pelas águas?

Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. (Salmos 42:1)

Uma corça sedenta e exausta caminha pelo deserto. Logo, o animal avista a imagem de um lençol d’água sobre a areia. Começa a correr desesperada ao encontro da única substância que pode matar sua sede. A corça é um animal de pequena estatura, arisco e de costume migratório. E uma característica interessante: a corça não suporta o confinamento. É um animal dotado de olfato privilegiado que lhe possibilita sentir cheiro de água a quilômetros de distância. É capaz ainda de perceber, metros abaixo da superfície, a existência de um lençol de água. Em regiões desérticas da África e do Oriente Médio, empresas construíram quilômetros de aquedutos sob a superfície terrestre.
E as corças sedentas, ao pressentirem a água jorrando pelo interior dos dutos, correm por cima das tubulações na tentativa de encontrarem a nascente, ou então um possível local por onde essas águas pudessem ser alcançadas. Certo poeta descreveu essa cena da corça farejando água, sob a areia do deserto, do seguinte modo: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, ... “ (Salmos 42:1-2). Note que nesta passagem, Davi faz uma comparação. A sede dele pelo Senhor era comparada ao anseio de uma corça pelas águas. Em se tratando de um homem “segundo o coração o de Deus”, creio que esta comparação pode servir de parâmetro para nossa própria busca. Mas enfim, como é que a corça suspira e anseia pelas águas? É com desespero. Gritando, correndo, buscando, farejando. Com sede. Com olfato privilegiado para localizar a fonte certa.
Continuamente, todos os dias. Não se permitindo acomodar e fugindo do confinamento. E nós? Estamos desesperados por Deus? Temos sede de sua presença? Temos corrido, buscado e nos desesperado por mais dEle em nossas vidas? Temos buscado na fonte certa, diariamente? Ou temos nos contentado com a mediocridade do nosso "confinamento"? Cada um de nós pode ter seu próprio “confinamento”. Coisas que nos prendem e nos impedem de sair em busca da água fresca que tanto precisamos. Podem ser pessoas, situações ou até mesmo “pequenos reinos” que construímos para nós mesmos (“meu emprego”, “meu ministério”, “meu evento”, etc). Precisamos, como a corça, sair e correr. Precisamos de olfato aguçado para ir na fonte certa, que é Cristo. Afinal de contas, existem fontes sem água (II Pedro 2:17), e nuvens sem água (Judas 1:12). E lembremos das palavras do Mestre: “quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida." (Apocalipse 22:17). Que o Senhor Deus tenha misericórdia de nós e nos guie.

Os católicos são idólatras?

DE VEZ EM QUANDO ALGUM PROTESTANTE NOS ABORDA SEMPRE COM O MESMO DISCURSO, SOMOS IDÓLATRAS, ADORADORES DE IMAGENS, SERÁ QUE ELES TEM RAZÃO, OU MAIS UMA VEZ INTERPRETAM A BIBLIA DE FORMA ERRÔNEA.

ABAIXO SEGUE UM ESTUDO SOBRE IMAGENS....

“Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo,sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto. Eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus zeloso que vingo a iniqüidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam,” (Ex 20,5)

“De que serve a imagem esculpida para que o escultor a talhe? E o ídolo fundido, que só ensina mentiras, para que o artífice nele ponha a sua confiança, fabricando divindades mudas? Mas o Senhor reside em sua santa morada; silêncio diante dele, ó terra inteira!” (Hab 2, 18-19)

VEJA O QUE O SENHOR PEDIU QUANDO ORDENOU CONSTRUIR A ARCA DA ALIANÇA:

“Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas
extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de
modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão
esses querubins suas asas estendidas para o alto, e protegerão com
elas a tampa, sobre a qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa
sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho que eu te der. Ali
virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que
estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens
para os israelitas.” (Ex 25, 18-22)

1. ADORAR VS VENERAR

Poderão dizer que venerar e adorar são a mesma coisa, pois o dicionário Aurélio traz esta como sinônimo daquela. Vamos ver?
Bem, nenhum dicionário é tratado de epistemologia, de hermenêutica ou de exegese. E qualquer estudo mais sério de sinonímia dirá que não há sinônimo que seja absolutamente equivalente.
Ainda que se existem duas palavras distintas para designar algo ou uma ação, é porque cada uma delas dá um matiz diverso da coisa ou da ação designada. Se duas palavras são absolutamente idênticas, a língua tende a eliminar uma delas.
Assim, adorar não é venerar, nem, muito menos, idolatrar. Cada uma dessas palavras tem sentidos diferentes.
Adorar significa reconhecer como Deus, criador de todas as coisas. Idolatrar, embora o Aurélio não explique isso, significa em certo sentido o oposto, pois designa a ação de adorar uma criatura em vez de adorar o Criador.
Materialmente, a ação de adorar e a ação de idolatrar são idênticas. Formalmente são opostas.
No II livro dos Reis (18,3-4) que o Rei Ezequias destruiu a serpente de bronze feita por Moisés.
“Fez o que é bom aos olhos do Senhor, como Davi, seu pai. Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau asserás. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham até então queimado incenso diante dela. (Chamavam-na Nehustã).” 2Rs (18,3-4)

Pois o que prova esse texto?
Prova:
1) que Moisés fizera de fato uma serpente de bronze;
2) que essa serpente fora conservada pelos judeus durante longo tempo;
3) que eles acabaram por adorá-la ou a prestar-lhe culto indevido;
4) que por isso, Ezequias a quebrou.

Teria agido mal Moisés ao fazer a serpente de bronze? É claro que não, pois foi o próprio Deus quem ordenou fazê-la e olhar para ela para que os judeus se curassem.
Erraram os judeus conservando-a? É evidente que não, porque mostravam gratidão e obediência a Deus. E entre os que conservaram estavam Moisés, Josué, os Juízes, Daví, Salomão. Será que todos eles estavam errados?
Quando a transformaram abusivamente em ídolo, Ezequias a destruiu. Abusus non tolit usum. O abuso não tolhe o uso. Se alguém abusa do culto de dulia ( No cristianismo Dulia (do grego δουλεια, "douleuo" que significa "honrar"), é um termo teológico que significa a honra o e culto de veneração devotados aos santos. A veneração especial devotada a Maria chama-se hiperdulia (‘υπερδουλεια). É praticado pelas Igrejas Católica, Ortodoxa e alguns grupos da Igreja Anglicana) de um santo e de sua imagem, e passa da veneração a idolatria, isso é um abuso condenável que não proíbe nem invalida o culto de dulia - e não de latria (Culto a Deus) - de um santo e de sua imagem.
Erraram depois os judeus transformando-a em ídolo? Evidente que sim, e, por isso fez bem Ezequias em destruí-la. Portanto, enquanto não se adora uma imagem como se fosse Deus, é lícito tê-la e mesmo “olhar para ela para ser curado” como Deus mandou.
E nenhum católico de verdade olha para uma imagem de Nossa Senhora e dos santos julgando que sejam Deus e adorando essas imagens. Nós as veneramos tal como um filho venera o retrato de sua mãe.
E quando rezamos para Nossa Senhora, só repetimos o texto de São Lucas — “Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”. (Lc 1,28). Em São Lucas se lê ainda: “Todas as gerações me chamarão de bem aventurada” (Lc 1,48). Todas as gerações chamarão a Virgem Maria de bem aventurada.
Nosso Senhor Jesus Cristo escolheu doze apóstolos para ensinar a todos quem Ele era, e quem não ouve esses mediadores de Cristo, não ouve o próprio Cristo: “Quem vos ouve, a Mim ouve” (Lc 10,16).
Cristo exigiu que ouvíssemos seus apóstolos e evangelistas como “mediadores segundos”, entre Deus e nós.
E a Pedro Ele disse:
“E tu, depois de convertido confirma teus irmãos (Lc 22,32)”. A nenhum outro Ele deu essa missão.
“Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16,19)

2. DEUS PROÍBE A CONFECÇÃO DE IMAGENS?

“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas
extremidades do propiciatório.” (Ex 25,18)
Muitas vezes andando nas ruas encontramos pessoas vestidas com ternos e com uma Bíblia na mão, ensinando que usar imagens em igrejas é idolatria.
Por este motivo costumam chamar os católicos de idólatras, isto é, adoradores de ídolos, que quer dizer adoradores de falsos deuses. E ainda acusam a Igreja Católica de ensinar a adoração destas imagens.
Os protestantes encaram o uso das imagens sacras como um insulto ao mandamento divino que consta em Ex 20,4 que proíbe a confecção delas.
A Igreja Católica sempre defendeu o uso das imagens. Estaria a Igreja Católica desobedecendo a ordem divina em Ex 20,4?
A Igreja Católica é a guardiã da doutrina ensinada pelos apóstolos e por Cristo, sem lhe inculcar qualquer mudança. Se ela quisesse mesmo agir contra a ordem divina, teria adulterado a Bília nas passagens em que há a condenação das imagens.
Na Bíblia católica – pois a Bíblia protestante não contém sete livros relativos ao Velho Testamento – O Livro da Sabedoria condena como nenhum outro a idolatria (Sb 13-15). Não poderia a Igreja repudiar o livro como fizeram os protestantes?
Na Sagrada Escritura há outras passagens que condenam a confecção de imagens como por exemplo: Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 e etc. Mas também há outras passagens que defendem sua confecção como: Ex 25,17-22; 37,7-9; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc.
“Tudo isso, disse Davi, todos os modelos destas obras, foi o Senhor quem me ensinou por um escrito de sua mão”. (1Cr 28,19) Pode Deus infinitamente perfeito entrar em contradição consigo mesmo? É claro que não. E como podemos explicar esta aparente contradição na Bíblia?
Isto é muito simples de ser explicado. Deus condena a idolatria e não a confecção de imagens.
Quando o objetivo da imagem é representar, ou ser um ídolo que vai roubar a adoração devida somente a Deus, ela é abominável. Porém quando é utilizada ao serviço de Deus, no auxílio à adoração a Deus, ela é uma benção. Vejamos os textos abaixo:
“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em
cima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te
encurvarás a elas nem as servirás; porque Eu, o Senhor teu Deus, sou zeloso, que
visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira geração daqueles que me
aborrecem.” (Ex 20,4-5)
Note que nesta passagem a função da imagem é roubar a adoração devida somente a Deus. O texto bíblico condena a confecção da imagem porque ela está roubando o culto de adoração ao Senhor. A existência deste mandamento se deve pelo fato do povo judeu ser inclinado à idolatria, por ter vivido no Egito que era uma nação idólatra e por estar cercado de nações pagãs, que não adoravam a Deus, e que construíam seus próprios deuses. Deus quer dizer aqui “não construam deuses para vocês, pois Eu Sou o
Deus Único e Verdadeiro”.
“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas
extremidades do propiciatório. Farás um querubim na extremidade de uma parte, e
outro querubim na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório
fareis os querubins nas duas extremidades dele.” (Ex 25,18-19)Neste versículo, Deus ordena a Moisés que construa duas imagens de querubins que serão colocadas em cima da arca-da-aliança, onde estavam as tábuas da lei, dos dez mandamentos. Veja que os
querubins aqui não são objetos de adoração, mas de ornamentação da arca. Salomão também manda construir dois querubins de madeira, que serão colocados no altar para enfeitar o templo (1Rs 6,23-29).
Para deixar mais claro ainda a proibição e a permissão do uso das imagens sacras, vejamos os próximos versículos:
“E o Senhor disse a Moisés: “Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um
poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo. Moisés fez, pois, uma
serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma
serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida”. (Nm 21,8-9)
“Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau asserás.
Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham
até então queimado incenso diante dela. (Chamavam-na Nehustã).”(2Rs 18,4)
Note que no primeiro texto de Nm 21,8-9, Deus não só permitiu o uso da imagem, como também a utiliza para o seu serviço; e a transforma em objeto de benção para seu povo, sinal de Seu amor por Israel.
E no segundo texto de 2Rs 18,4 a mesma serpente de metal que outrora foi construída por Moisés,é repudiada por Deus. Tornou-se objeto de adoração pois “os filhos de Israel lhe queimavam incenso”. Deram a ela o culto devido somente a Deus. A Serpente de metal perdeu como nos mostra o texto, o seu sentido original, porque os filhos de Israel “não tinham escutado a voz do Senhor, seu Deus, mas tinham quebrado a sua aliança, recusando-se a ouvir e executar o que ordenara Moisés, servo do Senhor”.(2Rs 18,12)
Aí fica mais que claro que Deus não condena o uso das imagens sacras e sim a idolatria. É importante lembrarmos que há muitas outras formas de idolatria, como o amor ao dinheiro, aos bens materiais, etc; que substituem o amor que devemos ter somente por Deus.
Seria uma grande blasfêmia considerar Deus como incoerente, já que num lugar da Bíblia manda fazer imagens, esquecido que no outro lugar o teria proibido! Ora, os primeiros cristãos martirizados aos milhares porque se recusaram a adorar imagens de deuses falsos, estudaram a Bíblia com mais atenção e respeito. Eles não tiravam esses trechos proibitivos de seu contexto e, comparando-os com outros, ficaram
convencidos de que Deus proíbe apenas fazer imagens de deuses falsos, e adorá-los - como o faziam os vizinhos pagãos, - mas Ele não proíbe fazer outras imagens.
Eis o verdadeiro sentido desta proibição bíblica, no seu contexto : “Eu sou o Senhor teu Deus que te fez sair do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de minha face. Não farás para ti escultura alguma do que (daqueles falsos deuses, que na errada imaginação dos pagãos) está em cima nos céus, ou debaixo sobre a terra, ou nas águas, de baixo da terra. Não te prostrarás diante deles e não lhes prestarás culto, (à imitação dos pagãos) ( Ex 20,2-5 ).
Por isso os primeiros cristãos pintaram nas catacumbas muitas imagens das cenas bíblicas do Antigo e Novo Testamento, e legaram , para a veneração dos séculos posteriores, as imagens de Cristo-Sofredor, na toalha de Verônica, e no sudário sepulcral, guardado em Turim na Itália.
Alguns santos dos primeiros séculos afirmavam que as imagens da Bíblia, Via Sacra, de Jesus crucificado e dos santos são o único “livro” que também os pobres e analfabetos entendem e aproveitam. Isso vale, ainda hoje, para milhões de pessoas.
O sentido da veneração das imagens, segundo a tradição dos apóstolos, está resumido nesta bênção de imagens, do Ritual Católico:
“Deus eterno e Todo-Poderoso, não reprovais a escultura ou pintura das imagens dos santos, para que à sua vista possamos meditar os seus exemplos e imitar as suas
virtudes. Nós vos pedimos que abençoeis e santifiqueis esta(s) imagen(s), feita para
recordar e honrar o vosso Filho Unigênito e nosso Senhor Jesus Cristo (ou: o(s)
Santo(s) NN). Concedei a todos os que diante dela(s) desejarem venerar e glorificar o
vosso Filho Unigênito (ou: o(s) Santo(s) NN.), que por seus merecimentos e
intercessão, alcancem no presente a vossa graça e no futuro, a glória eterna. Por
Cristo, Nosso Senhor. Amém”.

3. CONCLUSÃO

Trens não andam sozinhos, mas sem o trem o maquinista não nos levaria ao nosso destino. Deus faz o mesmo. Ele valoriza pessoas e coisas na devida ordem. Fazemos o mesmo. Usamos os objetos como o maquinista usa o trem. Sem o maquinista o trem não vai a lugar nenhum. Pessoas são sujeitos, objetos serão sempre objetos.
Deus é todo poderoso e por isso mesmo pode fazer o que quiser e como quiser. Pode fazer uso de pessoas, palavras, gestos e sinais. Se ele quiser nos dar sua mensagem por um anjo, ou por uma pessoa, ou por algum objeto, é seu direito. Objetos também podem traduzir um sinal de Deus. Mas daí a dizer que um objeto é milagroso é um passo gigantesco. Moisés fez brotar água da rocha, mas nem a rocha, nem a água,
nem a vara eram milagrosas; nem Moisés. Milagroso foi e é Deus. Deus fez uso de Moisés, da vara, da água e da rocha para ensinar aos Israelitas o quanto Ele se importa. O Mar Vermelho não era milagroso: Deus, sim. Lugares podem ser santos e especiais, mas milagroso, só Deus. Imagens podem ser veículo para a fé
que, se pode transportar montanhas, pode se valer de algum sinal para operar. Mas é Deus quem faz o milagre.
Dizer que Deus não usa de objetos é não entender a Bíblia. É claro que ele usou de imagens, da sarsa em fogo, da Arca, da serpente de bronze, dos querubins de ouro e de profetas para anunciar Sua presença. Pode usar hoje de imagens que levem a Ele. Por isso, acusar de idolatria todo aquele que usa imagens é cometer pecado e crime de calúnia. Os irmãos protestantes mais exaltados que tomem cuidado
com suas acusações porque ter imagens é bíblico e correto, desde que se faça uso correto delas. Também é bíblico que não se deve atribuir poder a objetos. Nesse caso acontece a idolatria. Uma fé pode chamar o milagre que só Deus opera, mas através de pessoas e sinais. Jesus não teria usado barro e saliva se usar objetos fosse pecado. Usados corretamente eles ajudam a fé. Inclusive as imagens ajudam. Fanáticos nunca
entenderão isso, mas Jesus já disse o que pensa desses boanerges de ontem e de hoje! (Mc 3,17); (Lc 9,54).
Para terem o apelido de Filhos do Trovão, deviam ser muito exagerados e espalhafatosos. E eram!

Nós católicos não sentimos vergonha de nossos óleos, águas, velas, terços,
medalhas e imagens. Se acreditássemos que aqueles objetos têm poder próprio então
cometeríamos, sim, a idolatria. Mas se sabemos que objetos são apenas sinais e que o
poder é de Deus que usa o que ele bem entender para mostrar que nos ama, então,
estamos agindo corretamente. A Bíblia condena a idolatria das imagens, mas permite o
uso correto das mesmas. Mas o milagre, quem faz é Deus. Coisas continuam coisas. Elas
não possuem nenhum poder, mas Deus, que tem poder sobre todas as coisas, pode usá-las.
Ninguém manda em Deus. Deve ser por isso que Jesus fez uso de coisas para chegar às pessoas. É só ler a Bíblia com mais atenção. Não há objetos milagrosos, mas
Deus já usou muitos objetos para fazer milagre.
Está claro ou começamos tudo de novo?

Jesus teve outros irmãos?

Jesus foi o primogênito e o unigênito da família de Nazaré. Quanto aos “supostos irmãos de Jesus” a Bíblia não os mencionam como “filhos de Maria”. Somente o Mestre é chamado “filho de Maria”, com o artigo no original (Marcos 6,3).

Antes de aprofundar no assunto, é bom lembrar 05 pontos fundamentais:

Primeiro – se Jesus teve irmãos, porque Maria é chamada “Mãe de Jesus?” e nunca mãe do “irmãos de Jesus?”

Segundo – A família de Nazaré aparece apenas com 03 pessoas. Jesus, Maria e José.

Terceiro – porque seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da páscoa e Jesus nunca aparece ao lado dos “supostos irmãos?”

Quarto – Porque Jesus entrega sua mãe aos cuidados de João o Evangelista, e não aos “supostos irmãos?”

Quinto – porque esses “supostos irmãos” não aparecem na crucificação de Jesus?

A Bíblia deixa bem claro, quando se trata de um filho, e quem são os pais. Para entender melhor citemos alguns textos:

No Antigo Testamento

“Adão conheceu outra vez sua mulher, e esta deu à luz um filho, ao qual pôs o nome de Set, dizendo, Deus deu-me uma posteridade para substituir Abel, que Caim matou”. (Gênese 4, 25)

“Então falou Deus a Noé, sai da arca, com tua mulher, teus filhos e as mulheres de teus filhos” (Gênese 8, 15-16) Confira mais em: (Gênese 5,1-32) (Gênese 10, 1-32) (Gênese 11, 10-32) onde se fala de filhos e filhas.

No Novo Testamento

“Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mateus 1, 21).

“Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre muito: ora cai no fogo, ora cai na água...” (Mateus 17,15).

“Respondeu um homem dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo” (Marcos 9,17).

“Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade” (Lucas 7,12).

“Porque tinha uma filha única, de uns doze anos, que estava para morrer. Jesus dirigiu-se para lá, comprimido pelo povo” (Lucas 8,42).

Em centenas e centenas de textos Bíblicos, fica muito claro, onde se fala de filhos e de pais, e os protestantes afirmam por paus e pedras que, Jesus teve irmãos. Para isso se baseiam em (Marcos 6,3) “Por acaso não é ele o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão?”.

Explicação:

A palavra irmão, aqui tem o significado de “parente próximo, pois a língua hebraica não era rica para definir parentes próximos”.

- Quem eram Tiago, José, Judas e Simão?

Explicação: A mãe de Jesus tinha uma parente que se chamava também Maria, casada com Cleófas.
- De fato lemos na Bíblia: “Perto da cruz de Jesus, permanecia de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas.” (João 19,25)
- Tiago e José eram filhos de Cléofas com a parente de Nossa Senhora, que se chamava Maria.
- logicamente Judas era irmão de Tiago. De fato lemos: “Judas, irmão de Tiago” (Judas 1 e Lucas 6,16) todos eles eram primos de Jesus, ou parentes próximos, como Simão pelo mesmo motivo.

Há muitos exemplos na Bíblia em que os parentes próximos são chamados de irmãos: “Disse Abraão a Lot: Peço-te que não haja rixas, pois somos irmãos.” (Gênesis 13,8) - Abraão não era irmão de Lot, mas tiio.
- “Eleazar morreu e não teve filhos, mas filhas e estas se casaram com os filhos de Cis, seus irmãos.” (1 Crônicas 23,22) - As filhas de Eleazar eram primas dos filhos de Cis.
- Ver também: (Êxodo 2,11) (Mateus 23,8) (Gênesis 9,6) (Mateus 5,21-22) (1 Coríntios 15,6).

Respondendo objeções

1ª Objeção: os “Irmãos de Jesus”. É assim que a Bíblia se refere nominalmente a quatro pessoas: Tiago, José, Judas e Simão (Marcos 6,3). Eles seriam, irmãos carnais de Jesus, concluem os protestantes.
No entanto, nada mais falso, pois três desses “Irmãos de Jesus”, têm seus pais nomeados na Bíblia. Vejamos: o 1º é Tiago. É ele, segundo (Gálatas 1,19), Tiago Apóstolo, o Menor (Marcos 15,40), cujo pai é Alfeu (Mateus 10,3); o 2º, José, é irmão carnal de Tiago, pois ambos são filhos de uma das três Marias que estiveram ao pé da Cruz (Mateus 27,56), e cujo irmão pai é também Alfeu; o 3º é Judas, o Tadeu, que também é irmão de Tiago (Judas 1,1). Seu pai é também Alfeu. São Lucas o chama “Judas de Tiago” ou seu irmão (Lucas 6,16).
O último da lista é Simão, cujos pais não têm os nomes expresso na Bíblia. Mas o historiador Hegezipo (sec. II), informa que ele é filho de Cléofas, esposo de “Maria, irmã da Mãe de Jesus” (João 19,25). Ele é, pois, primo de Jesus. E se Cléofas e Alfeu são nomes em hebraico e aramaico da mesma pessoa, como pensam muitos, os quatro chamados “irmãos de Jesus” são entre si, irmãos carnais. Em qualquer hipótese eles são primos ou parentes de Jesus.
De fato, é muito comum na Bíblia, parentes próximos serem chamados de irmãos. É só conferir (Gênesis 13,8) comparado com (Gênesis 12,5 e 11,28-31) (Gênesis 29,13 e 15) (Levítico 10,4) (1 Crônicas 23,22) etc.

2ª Objeção: ela é tirada do título de “primogênito” atribuído a Jesus em Lucas 2,7. Daí concluem os protestantes que Maria teve outros filhos além de Jesus.
Isso revela grande ignorância, pois “primogênito” é termo jurídico da Bíblia que tem significado bem determinado: é o primeiro filho, quer venha outro, quer não. Não se esperava por outro filho para que o 1º fosse tido e tratado como primogênito a vida toda.
Confirma isto o túmulo, recém-descoberto, de uma judia do 1º século, com a inscrição: “Aqui jaz Arsinoé, morta ao dar à luz o seu primogênito”.
3ª Objeção: é tirada de (Mateus 1,25), onde se lê: “E José não a conheceu até que ela deu à luz. . .” os protestantes concluem que a conheceu depois.
Mais uma vez outra falsa conclusão. Parece desconhecerem que a expressão “até que” é, na Bíblia, um hebrismo que significa “Sem que”, invertendo-se os termos da frase. Significa, então, que Maria “deu á luz sem que José A tivesse conhecido”, e nada mais.
São incontáveis os exemplos disso na Bíblia. Eis apenas um: “O coração do justo está firme e não temerá “até que” veja confundidos os seus inimigos” (Salmos 111,8). Ora, se não temeu antes, não temerá depois. O sentido é: “os inimigos serão confundidos sem que o coração do justo tema”. Assim Mateus quis apenas afirmar que “Maria concebeu sem participação de José”. Conferir na Bíblia outros casos desse modo de falar: (Deuteronômio 7,24) (Sabedoria 10,14) (Salmos 56,2 71,7; 93,12-13; 109,1) (Isaias 22,14) (Mateus 5,18 22,44) (Hebreus 1,13; 10,12-13; etc.)
4ª e última objeção: é tirada de (Mt 1,18) onde se lê que Maria concebeu do Espírito Santo “antes que coabitassem”. Os protestantes concluem erradamente que conheceu depois.
Isso porque eles não se importam com o contexto literário e histórico da Bíblia. E tomam, no caso, “coabitar” no sentido de relação carnal, quando, pelo contexto, e pelo modo como os judeus se casavam, só cabe o sentido de “morar juntos”.
De fato, o casamento dos judeus era feito em duas etapas: a 1ª se realizava na casa dos pais da moça em cerimônia simples. Marcavam-se então as núpcias festivas - era a segunda etapa - na qual a esposa era levada para a casa do esposo. Era esta a coabitação (morar juntos), de que fala o evangelista no citado texto. Foi entre essas duas cerimônias que se deu o mistério da Encarnação.

Conclusão

Segundo a Bíblia, a Tradição e o Magistério da Igreja, Maria teve um único filho, e disso, nós temos certeza.