quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Batismo

BAPTISMO : É UMA TRAVESSIA, IMPRIMI CARACTER e BATISMO DE CRIANÇAS

BAPTISMO : É UMA TRAVESSIA
Diz o Catecismo da Igreja Católica :

1221. – É sobretudo a Travessia do Mar Vermelho, verdadeira libertação de Israel da escravidão do Egipto, que anuncia a libertação operada pelo Baptismo.

Aos filhos de Abraão fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho, para que esse povo, liberto da escravidão, fosse a imagem do povo santo dos baptizados.(Vig. Pascal).

O Baptismo é uma Travessia
Três grandes etapas marcam a caminhada do Povo de Deus do Egipto até à Terra Prometida :

1).- Passaram a pé enxuto o Mar Vermelho, graças a uma especial protecção de Deus. A partir desse dia ficaram livres da escravidão, a caminho da Terra Prometida.
2).- Embora livres, não estavam ainda no fim da sua caminhada. Faltava-lhes atravessar o deserto, o que levaria quarenta anos.

3).- Só ao fim desse tempo avistaram a Terra que os havia de receber. Ela ficava para lá das águas do Rio Jordão, que também se abriram para o Povo de Deus passar a pé enxuto por especial graça de Deus.

Outras três etapas marcam também a vida do cristão, na sua caminhada para o Reino de Deus, a terra que lhe foi prometida pelos merecimentos de Cristo:

1). - O Baptismo é para nós o que foi para os hebreus daquele tempo a passagem do Mar Vermelho. Tira-nos da escravatura do demónio, restituindo-nos a liberdade. Somos salvos através das águas do Baptismo.(1ª Travessia).

2). - Depois do Baptismo temos ainda um longo caminho a percorrer, antes de chegarmos à Terra Prometida, que é o Reino de Deus. É toda a nossa vida uma caminhada lenta e difícil, onde podem surgir os perigos e os desânimos, tal como aconteceu no deserto ao Povo de Israel. É difícil viver a verdadeira disciplina de Cristo, mas é necessário caminhar para chegar ao Reino que nos espera.(2ªTravessia).

3). - A morte será para nós, cristãos, o que foi para os hebreus a passagem das águas do Jordão. O cristão que vai morrer, vê já próxima a terra prometida, para a qual sempre procurou caminhar. Logo que a alma deixa o corpo passará as portas da eternidade, para entrar na posse de Deus. Foi o Baptismo que depôs em nós o gérmen da ressurreição gloriosa. (3a Travessia).

Cerca de doze séculos antes do nascimento de Jesus, o povo hebreu vivia em escravidão no Egipto. Servindo-se de Moisés, Deus fez sair o seu povo do Egipto a caminho da Terra Prometida. Junto do Mar Vermelho, quando se julgavam já longe da tirania e escravidão do Faraó, eis que surgem os exércitos egípcios em sua perseguição. Seria o fim se Deus lhes não abrisse caminho através das águas; mas Deus estava com o seu povo.
Logo que saiu do Mar o último israelita, as águas se uniram de novo para engolirem os exércitos do Faraó. Este acontecimento, sem precedentes na história, fazia passar um povo, da escravidão para a liberdade, da terra dos ídolos para a terra do verdadeiro Deus, da morte para a vida, do pecado para a graça, do exílio para a Pátria amada.

Desde então, nunca mais os Israelitas deixaram de celebrar a festa da Páscoa, isto é, “a Passagem”. Foi uma extraordinária Travessia.


Um Povo Novo

Como na passagem do Mar Vermelho foi criado um Povo Novo, que seria o Povo de Deus, também pelo Baptismo se cria outro Povo Novo, a Igreja.

Todo este Povo Novo, que é a Igreja, fez uma travessia, como diz S. Paulo :

- “Deus arrancou-o ao poder das trevas e transferiu-o para o Reino de seu Filho bem amado”.

Este Povo Novo saiu santificado das águas, tal como o povo de Israel saiu ileso do Mar Vermelho. Na Vigília Pascal, o Sacerdote, ao benzer a água baptismal, diz :
- “Enviai o Vosso Espírito para que ele regenere os Povos Novos que esta fonte vai criar”.

A fonte baptismal é, pois, o seio fecundo da Igreja. Durante séculos a Páscoa foi a comemoração da “passagem” do Anjo exterminador e a “passagem” do Mar Vermelho. Mas um dia, no aniversário da celebração da Páscoa dos Judeus, houve uma outra passagem (Páscoa) mais importante, que foi a “passagem” de Jesus.

Pela sua Morte e Ressurreição, Jesus fez-nos passar da morte para a vida, do exílio para a Pátria, da terra para o céu. No dia do Baptismo todo o que se vai tornar cristão, celebra pela primeira vez uma Páscoa ou Passagem/Travessia. Faz a sua mais importante Travessia, passando das trevas para a luz, entrando na família cristã, ficando a fazer parte do Corpo Místico de Cristo. Torna-se membro do Povo de Deus e herdeiro da Vida Eterna, porque ficou a fazer parte da Assembleia dos que crêem em Jesus e foram salvos por Ele.




O BAPTISMO IMPRIME CARACTER
Diz o Catecismo da Igreja Católica :

1272. – Incorporado em Cristo pelo Baptismo, o baptizado é configurado a Cristo. O Baptismo marca o cristão com o selo espiritual idelével (”character”) da sua pertença a Cristo. Esta marca não é apagada por qualquer pecado, mesmo que o pecado impeça o Baptismo de produzir frutos de salvação. Ministrado uma vez por todas, o Baptismo não pode ser repetido.

Pelo Baptismo todos os homens se tornam irmãos de Jesus Cristo; todos, ricos e pobres, são elevados à mesma categoria.

Dauphin, pai de Luís XVI, rei de França, dizia a seus filhos :

- A Religião não faz distinção entre o rico e o pobre. Regenerados pelo mesmo sacramento, um e outro, são igualmente filhos adoptivos de Deus, e é maior aos olhos de Deus aquele que melhor cumprir a vontade do Pai celeste.

Dois dos seus filhos foram baptizados em casa, particularmente, de emergência, após o seu nascimento. Quando atingiram o uso da razão, foram levados à Igreja para se completarem as cerimónias, como é costume.

Dauphin, pedindo que lhe trouxessem o livro dos assentos de Baptismo, os livros do Registo Paroquial, mostrou aos seus filhos os nomes dos que foram registados imediatamente antes. Eram exactamente crianças, filhas de gente pobre.
E Dauphin disse aos seus filhos :

Vós sabeis que, aos olhos de Deus, não valem títulos humanos. Vós sereis um dia, aos olhos do mundo, maiores que estes seres humanos. Vós sereis um dia, aos olhos do mundo, maiores que estas crianças, mas elas serão maiores que vós se forem mais virtuosas.

Nos documentos oficiais usam-se, sobre as assinaturas e sobre os selos, um carimbo ou um selo em branco. Tanto um como o outro, dificilmente se apagam e servem de garantia e autenticidade dos ditos documentos.

Embora mal comparado, também o Baptismo confere a autenticidade da união do novo cristão a Deus, e marca-o ou consagra-o para o serviço de Deus através do seu sacerdócio baptismal.

Assim nos diz o Catecismo da Igreja Católica :

1273. - Incorporados na Igreja pelo Baptismo, os fiéis recebem o carácter sacramental que os consagra para o culto religioso cristão. O selo baptismal capacita os cristãos e obriga-os a servir a Deus na participação viva na santa Liturgia da Igreja, e a exercer o seu sacerdócio baptismal pelo testemunho duma vida santa e duma caridade eficaz.

Por causa deste carácter sacramental, o Baptismo, portanto, não pode ser recebido outra vez.

1274 . – O “selo do Senhor” (“dominus character”:Santo Agostinho,Ep.98,5) é o selo com que o Espírito Santo nos marcou “para o dia da redenção”(Ef.4,30).”O Baptismo é, efectivamente, o selo da vida eterna” (Santo Ireneu, Demonstr.3). O cristão que tiver “guardado o selo” até ao fim, qer dizer, que tiver permanecido fiel às exigências do seu Baptismo, poderá partir “marcado pelo sinal d fé”(MR,Cânon Romano 97), com a fé do seu Baptismo, na expectativa da visão bem-aventurada de Deus – consumação da fé – e na esperança da ressurreição.
A nossa alma, regenerada pelas águas baptismais, pode de novo ser manchada pelo pecado mortal, que destrói nela a vida da graça, a amizade de Deus, mas há uma coisa que nunca desaparece, que é o Carácter Baptismal.

O Carácter Baptismal é uma marca espiritual, profunda e indelével, uma espécie de semente de vida divina, que nós podemos impedir que germine, mas não podemos destruir.

Ela permanece semente indestrutível, sempre pronta a germinar de novo, cada vez que, pelo arrependimento e pela confissão dos nossos pecados na sacramento da Reconciliação, nos voltarmos de novo para Deus. S. Luiz, rei de França, costumava dizer :

Amo a capela do castelo onde fui baptizado, muito mais do que a Catedral de Reims onde fui coroado rei, porque a dignidade de filho de Deus com que fui marcado no Baptismo, é maior do que a dignidade de rei; na morte perderei a dignidade de rei mas, como filho de Deus, obterei a vida eterna.

O Baptismo não é um fim, uma meta ao longa da nossa vida; ele marca antes o início de uma longa viagem e abre-nos o campo para uma luta constante. “Quem não renascer da água e do Espírito Santo, não poderá entrar no Reino dos Céus”. O Baptismo imprime na alma um carácter indelével. O Carácter Baptismal é uma semente de vida divina.


O BAPTISMO DAS CRIANÇAS
Diz o Catecismo da Igreja Católica :

1250. – Filhas duma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, as crianças também têm necessidade do novo nascimento pelo Baptismo, para serem livres do poder das trevas e transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, a que todos os homens são chamados. O dom puramente gratuito da graça da salvaçãao é particularmente manifesto no Baptismo das crianças. A Igreja e os pais privariam, desde logo, a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus, se não lhe conferissem o Baptismo pouco depois do seu nascimento.

O Baptismo das crianças !

Embora na primitiva Igreja o Baptismo começasse por ser administrado só aos adultos convertidos, há todavia uma certa evidencia no Novo Testamento de que também as crianças eram baptizadas :

- "Porque Aquele que foi prometido, é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor, nosso Deus”..(Act.2,39).
O Novo Testamento fala ainda do Baptismo de "todos os de sua casa"...
- "Depois de ter sido baptizada, com todos os de sua casa, (Lídia), fez este pedido” ... (Act. 16,15).
- “O carcereiro, tomando-os consigo, àquela hora da noite, lavou-lhes as feridas e imediatamente se baptizou, ele e todos os seus. (Act. 16,33).
- “Baptizei também a família de Estéfanas”. (1 Cor. 1,16).
O próprio Jesus sentia pelas crianças um especial afecto e dizia que era delas o Reino de Deus :
- “Deixai vir a mim as criancinhas, não as afasteis, pois a elas pertence o reino de Deus”. (Mc. 10,14.).

Embora a Bíblia não mande explicitamente que o Baptismo seja administrado às crianças, também o não proíbe. A primitiva Igreja decidiu que o Baptismo das crianças era legítimo. Esta evidência tornou-se considerável a partir do século III e, no século V o Baptismo das crianças era já uma prática universal da Igreja.

Santo Agostinho explicava a importância do Baptismo das crianças em virtude da Remissão do pecado Original. Os pais cristãos desejavam que seus filhos fossem baptizados porque queriam que a sua salvação, a qual se operava pela sua participação na vida de Cristo conferida por este Sacramento, ficasse garantida.

A pergunta que normalmente se faz ainda hoje é a de como é que uma criança pode ser baptizada, ou salva, sem uma pessoal e esclarecida Fé em Deus. Não será a Fé ainda o fundamento de uma genuína relação com Deus ?

A primeira coisa a considerar na resposta a esta interrogação é o desejo que Deus tem de salvar e partilhar a Sua vida com os seres humanos de todas as idades. Jesus nunca se recusou a abençoar ou curar, por razões de idades. Até recomendou que para nos salvarmos temos que ser puros como as crianças.

Entendemos assim que a salvação é um dom gratuito de Deus. Quando alguém baptiza, é Cristo que baptiza (SC, 7). Ele é o único que salva, pela Sua misericórdia e pelo Seu amor. O Baptismo das crianças lembra-nos que nós não podemos Ganhar ou Merecer a salvação, mesmo com a nossa Fé.

A Fé torna-nos capazes de receber e aceitar o dom gratuito de Deus na vida com Jesus Cristo. A segunda coisa a considerar é que, no Baptismo das crianças, há alguém capaz de acreditar em Deus, portanto, capaz de poder aceitar o dom da vida divina.

Os pais, os padrinhos e as testemunhas da comunidade da Igreja, acreditam em Deus e aceitam o Seu dom de uma nova vida em nome da criança quando ela é baptizada. Esta Fé da Igreja está presente e é suficiente quando uma criança é baptizada.

Segundo os Evangelhos, Jesus curou algumas crianças e até as ressuscitou, a pedido de seus pais. Foi pela Fé de seus pais que Jesus fez estes milagres, como o filho da viúva de Naim. (Lc. 7,11-17). O mesmo se diga do servo do Centurião que o Senhor curou pela Fé do Centurião. (Mt.8,5-13).

Pela mesma razão, isto é, pela Fé dos pais, dos padrinhos e de toda a Igreja ali presente, no Baptismo de uma criança, Deus lhe concede o dom de uma vida nova e a torna seu filho adoptivo, membro da Igreja e herdeiro da vida eterna.

Assim, o importante é que, ao apresentar uma criança para o Baptismo, os pais e os padrinhos tenham fé, e se comprometam a ajudar aquela criança a guardar depois essa mesma fé, pela vida fora, pelo testemunho da sua vida. Este compromisso dos pais e dos padrinhos é uma realidade que deve dar muito que pensar.

O Catecismo da Igreja Católica diz :

1251. – Os pais cristãos reconhecerão que esta prática corresponde, também, ao seu papel de sustentar a vida que Deus lhes concedeu.

O Direito Canónico Cânon 867 diz que os pais devem mandar baptizar os filhos, dentro de poucas semanas após o seu nascimento e que, se houver perigo, que sejam baptizados quanto antes. Isto é um assunto dogmático e não apenas uma simples legislação. Está em jogo a salvação de um ser humano. Jesus disse a Nicodemus :

- "Quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” .(Jo.3,3).

Os teólogos baseiam-se nestas palavras para concluírem que os não baptizados são excluídos do Reino de Deus. A lei que manda baptizar as crianças pouco tempo depois do seu nascimento, além de chamar a atenção para um assunto dogmático muito importante, tem também a finalidade de ensinar aos fiéis que o dom ordinário do amor de Deus que todos os dias nos oferece a salvação, não deve ser desprezado.


John Nascimento

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