quarta-feira, 9 de novembro de 2011

BATISMO DE JESUS

BAPTISMO DE JESUS

Diz o Catecismo da Igreja Católica :

535. – O início da vida pública de Jesus é o seu baptismo, no rio Jordão. João pregava «um baptismo de penitência, em ordem à remissão dos pecados»(Lc.3,3). Uma multidão de pecadores, publicanos e soldados, fariseus e saduceus e prostitutas vinham ter com ele, para que os baptizasse. «Então aparece Jesus». O Baptista hesita, Jesus insiste; e recebe o baptismo. O Espírito Santo, sob a forma de pomba, desce sobre Jesus e uma voz do Céu proclama que Ele é «o meu Filho muito amado»(Mt.3,13-17). Tal foi a manifestação («epifania») de Jesus como Messias de Israel e Filho de Deus.

João Baptista pregava no deserto da Judeia, clamando : "Preparai os caminhos do Senhor". Então vinham a ele, de Jerusalém, de toda a Judeia, e de toda a terra da região do Jordão; e, arrependendo-se dos seus pecados, eram por ele baptizados no Jordão.

E João dizia :
- Eu baptizo-vos em água para vos mover ao arrependimento; mas Aquele que vem depois de mim é mais poderoso que eu e eu não sou digno de Lhe levar as sandálias . Ele baptizar-vos-á com o fogo do Espírito Santo. (Mt.3,11).

E S. Mateus continua :
- Então veio Jesus da Galileia ter com João, ao Jordão, para ser baptizado por ele..

João opunha-se, dizendo
- :"Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por Ti. E Tu vens a mim"?

Jesus, porém, respondeu-lhe :
-"Deixa isso por agora; convém que cumpramos assim toda a justiça". João, então, permitiu-o.

Uma vez baptizado, Jesus saiu da água e eis que os céus se Lhe abriram e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do Céu, dizia : "Este é o Meu Filho muito amado, no Qual pus toda a minha complacência". (Mt.3,13-17).

Jesus Cristo quis receber o Baptismo, não por se considerar pecador, mas para nos mostrar que tinha assumido a nossa natureza humana para assim nos poder remir, e para dar autoridade à pregação de João Baptista.

Sendo impecável, não tinha necessidade nem obrigação de ser baptizado. Cristo é o nosso Modelo. Antes de nós, mesmo estando isento de todo o pecado, quis ser também baptizado para que o Seu baptismo nos servisse de exemplo.

Nele, toda a SS. Trindade estava presente :

* O Pai estava presente, pois se ouviu a Sua voz a dizer :

- Este é o meu Filho muito amado.

* O Filho estava presente, pois estava a ser baptizado…
* O Espírito Santo estava presente, figurado na pomba que desceu e pairou sobre a cabeça de Jesus...

Sobretudo na última vez que Jesus e João se encontraram em Jerusalém, pela Páscoa, antes de entrarem na sua Vida Pública, Jesus e João, devem ter dado os últimos retoques sobre a vida que iam começar, João viria do deserto e Jesus ia começar a sua pregação, e ambos escolheriam os seus discípulos.

Quando perguntaram a João quem era Jesus, ele respondeu :
- «Eu baptizo em água, mas no meio de vós, encontra-se alguém que não conheceis, Aquele que vem depois de mim; e eu não sou digno de desatar a correia da Sua sandália».(Jo.1,26).

João Baptista já sabia bem quem era Jesus, que apresentou aos seus discípulos e, quando Jesus se apresentou para ser baptizado, João, consciente de toda a verdade, disse-lhe :

- «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por Ti. E Tu vens a mim?».(Mt.3,14).

Isto parece supor que já se conheciam mutuamente, e a resposta de Jesus confirma-o :

- «Deixa isso por agora; convém que cumpramos assim toda a justiça».(Mt.3,15).
- No dia seguinte, João encontrava-se de novo lá, com dois dos seus discípulos. Fitando os olhos de Jesus, disse : «Aí está o Cordeiro de Deus».(Jo.1,35-36).

Uma clara e consciente alusão à Paixão de Cristo e, portanto, um assunto já previamente falado por ambos.
Entretanto João foi morto e terminou assim a sua missão, enquanto Jesus ia começar a Sua pregação com o Seu primeiro milagre nas bodas de Caná.




John Nascimento

Batismo

BAPTISMO : É UMA TRAVESSIA, IMPRIMI CARACTER e BATISMO DE CRIANÇAS

BAPTISMO : É UMA TRAVESSIA
Diz o Catecismo da Igreja Católica :

1221. – É sobretudo a Travessia do Mar Vermelho, verdadeira libertação de Israel da escravidão do Egipto, que anuncia a libertação operada pelo Baptismo.

Aos filhos de Abraão fizestes atravessar a pé enxuto o Mar Vermelho, para que esse povo, liberto da escravidão, fosse a imagem do povo santo dos baptizados.(Vig. Pascal).

O Baptismo é uma Travessia
Três grandes etapas marcam a caminhada do Povo de Deus do Egipto até à Terra Prometida :

1).- Passaram a pé enxuto o Mar Vermelho, graças a uma especial protecção de Deus. A partir desse dia ficaram livres da escravidão, a caminho da Terra Prometida.
2).- Embora livres, não estavam ainda no fim da sua caminhada. Faltava-lhes atravessar o deserto, o que levaria quarenta anos.

3).- Só ao fim desse tempo avistaram a Terra que os havia de receber. Ela ficava para lá das águas do Rio Jordão, que também se abriram para o Povo de Deus passar a pé enxuto por especial graça de Deus.

Outras três etapas marcam também a vida do cristão, na sua caminhada para o Reino de Deus, a terra que lhe foi prometida pelos merecimentos de Cristo:

1). - O Baptismo é para nós o que foi para os hebreus daquele tempo a passagem do Mar Vermelho. Tira-nos da escravatura do demónio, restituindo-nos a liberdade. Somos salvos através das águas do Baptismo.(1ª Travessia).

2). - Depois do Baptismo temos ainda um longo caminho a percorrer, antes de chegarmos à Terra Prometida, que é o Reino de Deus. É toda a nossa vida uma caminhada lenta e difícil, onde podem surgir os perigos e os desânimos, tal como aconteceu no deserto ao Povo de Israel. É difícil viver a verdadeira disciplina de Cristo, mas é necessário caminhar para chegar ao Reino que nos espera.(2ªTravessia).

3). - A morte será para nós, cristãos, o que foi para os hebreus a passagem das águas do Jordão. O cristão que vai morrer, vê já próxima a terra prometida, para a qual sempre procurou caminhar. Logo que a alma deixa o corpo passará as portas da eternidade, para entrar na posse de Deus. Foi o Baptismo que depôs em nós o gérmen da ressurreição gloriosa. (3a Travessia).

Cerca de doze séculos antes do nascimento de Jesus, o povo hebreu vivia em escravidão no Egipto. Servindo-se de Moisés, Deus fez sair o seu povo do Egipto a caminho da Terra Prometida. Junto do Mar Vermelho, quando se julgavam já longe da tirania e escravidão do Faraó, eis que surgem os exércitos egípcios em sua perseguição. Seria o fim se Deus lhes não abrisse caminho através das águas; mas Deus estava com o seu povo.
Logo que saiu do Mar o último israelita, as águas se uniram de novo para engolirem os exércitos do Faraó. Este acontecimento, sem precedentes na história, fazia passar um povo, da escravidão para a liberdade, da terra dos ídolos para a terra do verdadeiro Deus, da morte para a vida, do pecado para a graça, do exílio para a Pátria amada.

Desde então, nunca mais os Israelitas deixaram de celebrar a festa da Páscoa, isto é, “a Passagem”. Foi uma extraordinária Travessia.


Um Povo Novo

Como na passagem do Mar Vermelho foi criado um Povo Novo, que seria o Povo de Deus, também pelo Baptismo se cria outro Povo Novo, a Igreja.

Todo este Povo Novo, que é a Igreja, fez uma travessia, como diz S. Paulo :

- “Deus arrancou-o ao poder das trevas e transferiu-o para o Reino de seu Filho bem amado”.

Este Povo Novo saiu santificado das águas, tal como o povo de Israel saiu ileso do Mar Vermelho. Na Vigília Pascal, o Sacerdote, ao benzer a água baptismal, diz :
- “Enviai o Vosso Espírito para que ele regenere os Povos Novos que esta fonte vai criar”.

A fonte baptismal é, pois, o seio fecundo da Igreja. Durante séculos a Páscoa foi a comemoração da “passagem” do Anjo exterminador e a “passagem” do Mar Vermelho. Mas um dia, no aniversário da celebração da Páscoa dos Judeus, houve uma outra passagem (Páscoa) mais importante, que foi a “passagem” de Jesus.

Pela sua Morte e Ressurreição, Jesus fez-nos passar da morte para a vida, do exílio para a Pátria, da terra para o céu. No dia do Baptismo todo o que se vai tornar cristão, celebra pela primeira vez uma Páscoa ou Passagem/Travessia. Faz a sua mais importante Travessia, passando das trevas para a luz, entrando na família cristã, ficando a fazer parte do Corpo Místico de Cristo. Torna-se membro do Povo de Deus e herdeiro da Vida Eterna, porque ficou a fazer parte da Assembleia dos que crêem em Jesus e foram salvos por Ele.




O BAPTISMO IMPRIME CARACTER
Diz o Catecismo da Igreja Católica :

1272. – Incorporado em Cristo pelo Baptismo, o baptizado é configurado a Cristo. O Baptismo marca o cristão com o selo espiritual idelével (”character”) da sua pertença a Cristo. Esta marca não é apagada por qualquer pecado, mesmo que o pecado impeça o Baptismo de produzir frutos de salvação. Ministrado uma vez por todas, o Baptismo não pode ser repetido.

Pelo Baptismo todos os homens se tornam irmãos de Jesus Cristo; todos, ricos e pobres, são elevados à mesma categoria.

Dauphin, pai de Luís XVI, rei de França, dizia a seus filhos :

- A Religião não faz distinção entre o rico e o pobre. Regenerados pelo mesmo sacramento, um e outro, são igualmente filhos adoptivos de Deus, e é maior aos olhos de Deus aquele que melhor cumprir a vontade do Pai celeste.

Dois dos seus filhos foram baptizados em casa, particularmente, de emergência, após o seu nascimento. Quando atingiram o uso da razão, foram levados à Igreja para se completarem as cerimónias, como é costume.

Dauphin, pedindo que lhe trouxessem o livro dos assentos de Baptismo, os livros do Registo Paroquial, mostrou aos seus filhos os nomes dos que foram registados imediatamente antes. Eram exactamente crianças, filhas de gente pobre.
E Dauphin disse aos seus filhos :

Vós sabeis que, aos olhos de Deus, não valem títulos humanos. Vós sereis um dia, aos olhos do mundo, maiores que estes seres humanos. Vós sereis um dia, aos olhos do mundo, maiores que estas crianças, mas elas serão maiores que vós se forem mais virtuosas.

Nos documentos oficiais usam-se, sobre as assinaturas e sobre os selos, um carimbo ou um selo em branco. Tanto um como o outro, dificilmente se apagam e servem de garantia e autenticidade dos ditos documentos.

Embora mal comparado, também o Baptismo confere a autenticidade da união do novo cristão a Deus, e marca-o ou consagra-o para o serviço de Deus através do seu sacerdócio baptismal.

Assim nos diz o Catecismo da Igreja Católica :

1273. - Incorporados na Igreja pelo Baptismo, os fiéis recebem o carácter sacramental que os consagra para o culto religioso cristão. O selo baptismal capacita os cristãos e obriga-os a servir a Deus na participação viva na santa Liturgia da Igreja, e a exercer o seu sacerdócio baptismal pelo testemunho duma vida santa e duma caridade eficaz.

Por causa deste carácter sacramental, o Baptismo, portanto, não pode ser recebido outra vez.

1274 . – O “selo do Senhor” (“dominus character”:Santo Agostinho,Ep.98,5) é o selo com que o Espírito Santo nos marcou “para o dia da redenção”(Ef.4,30).”O Baptismo é, efectivamente, o selo da vida eterna” (Santo Ireneu, Demonstr.3). O cristão que tiver “guardado o selo” até ao fim, qer dizer, que tiver permanecido fiel às exigências do seu Baptismo, poderá partir “marcado pelo sinal d fé”(MR,Cânon Romano 97), com a fé do seu Baptismo, na expectativa da visão bem-aventurada de Deus – consumação da fé – e na esperança da ressurreição.
A nossa alma, regenerada pelas águas baptismais, pode de novo ser manchada pelo pecado mortal, que destrói nela a vida da graça, a amizade de Deus, mas há uma coisa que nunca desaparece, que é o Carácter Baptismal.

O Carácter Baptismal é uma marca espiritual, profunda e indelével, uma espécie de semente de vida divina, que nós podemos impedir que germine, mas não podemos destruir.

Ela permanece semente indestrutível, sempre pronta a germinar de novo, cada vez que, pelo arrependimento e pela confissão dos nossos pecados na sacramento da Reconciliação, nos voltarmos de novo para Deus. S. Luiz, rei de França, costumava dizer :

Amo a capela do castelo onde fui baptizado, muito mais do que a Catedral de Reims onde fui coroado rei, porque a dignidade de filho de Deus com que fui marcado no Baptismo, é maior do que a dignidade de rei; na morte perderei a dignidade de rei mas, como filho de Deus, obterei a vida eterna.

O Baptismo não é um fim, uma meta ao longa da nossa vida; ele marca antes o início de uma longa viagem e abre-nos o campo para uma luta constante. “Quem não renascer da água e do Espírito Santo, não poderá entrar no Reino dos Céus”. O Baptismo imprime na alma um carácter indelével. O Carácter Baptismal é uma semente de vida divina.


O BAPTISMO DAS CRIANÇAS
Diz o Catecismo da Igreja Católica :

1250. – Filhas duma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, as crianças também têm necessidade do novo nascimento pelo Baptismo, para serem livres do poder das trevas e transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, a que todos os homens são chamados. O dom puramente gratuito da graça da salvaçãao é particularmente manifesto no Baptismo das crianças. A Igreja e os pais privariam, desde logo, a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus, se não lhe conferissem o Baptismo pouco depois do seu nascimento.

O Baptismo das crianças !

Embora na primitiva Igreja o Baptismo começasse por ser administrado só aos adultos convertidos, há todavia uma certa evidencia no Novo Testamento de que também as crianças eram baptizadas :

- "Porque Aquele que foi prometido, é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor, nosso Deus”..(Act.2,39).
O Novo Testamento fala ainda do Baptismo de "todos os de sua casa"...
- "Depois de ter sido baptizada, com todos os de sua casa, (Lídia), fez este pedido” ... (Act. 16,15).
- “O carcereiro, tomando-os consigo, àquela hora da noite, lavou-lhes as feridas e imediatamente se baptizou, ele e todos os seus. (Act. 16,33).
- “Baptizei também a família de Estéfanas”. (1 Cor. 1,16).
O próprio Jesus sentia pelas crianças um especial afecto e dizia que era delas o Reino de Deus :
- “Deixai vir a mim as criancinhas, não as afasteis, pois a elas pertence o reino de Deus”. (Mc. 10,14.).

Embora a Bíblia não mande explicitamente que o Baptismo seja administrado às crianças, também o não proíbe. A primitiva Igreja decidiu que o Baptismo das crianças era legítimo. Esta evidência tornou-se considerável a partir do século III e, no século V o Baptismo das crianças era já uma prática universal da Igreja.

Santo Agostinho explicava a importância do Baptismo das crianças em virtude da Remissão do pecado Original. Os pais cristãos desejavam que seus filhos fossem baptizados porque queriam que a sua salvação, a qual se operava pela sua participação na vida de Cristo conferida por este Sacramento, ficasse garantida.

A pergunta que normalmente se faz ainda hoje é a de como é que uma criança pode ser baptizada, ou salva, sem uma pessoal e esclarecida Fé em Deus. Não será a Fé ainda o fundamento de uma genuína relação com Deus ?

A primeira coisa a considerar na resposta a esta interrogação é o desejo que Deus tem de salvar e partilhar a Sua vida com os seres humanos de todas as idades. Jesus nunca se recusou a abençoar ou curar, por razões de idades. Até recomendou que para nos salvarmos temos que ser puros como as crianças.

Entendemos assim que a salvação é um dom gratuito de Deus. Quando alguém baptiza, é Cristo que baptiza (SC, 7). Ele é o único que salva, pela Sua misericórdia e pelo Seu amor. O Baptismo das crianças lembra-nos que nós não podemos Ganhar ou Merecer a salvação, mesmo com a nossa Fé.

A Fé torna-nos capazes de receber e aceitar o dom gratuito de Deus na vida com Jesus Cristo. A segunda coisa a considerar é que, no Baptismo das crianças, há alguém capaz de acreditar em Deus, portanto, capaz de poder aceitar o dom da vida divina.

Os pais, os padrinhos e as testemunhas da comunidade da Igreja, acreditam em Deus e aceitam o Seu dom de uma nova vida em nome da criança quando ela é baptizada. Esta Fé da Igreja está presente e é suficiente quando uma criança é baptizada.

Segundo os Evangelhos, Jesus curou algumas crianças e até as ressuscitou, a pedido de seus pais. Foi pela Fé de seus pais que Jesus fez estes milagres, como o filho da viúva de Naim. (Lc. 7,11-17). O mesmo se diga do servo do Centurião que o Senhor curou pela Fé do Centurião. (Mt.8,5-13).

Pela mesma razão, isto é, pela Fé dos pais, dos padrinhos e de toda a Igreja ali presente, no Baptismo de uma criança, Deus lhe concede o dom de uma vida nova e a torna seu filho adoptivo, membro da Igreja e herdeiro da vida eterna.

Assim, o importante é que, ao apresentar uma criança para o Baptismo, os pais e os padrinhos tenham fé, e se comprometam a ajudar aquela criança a guardar depois essa mesma fé, pela vida fora, pelo testemunho da sua vida. Este compromisso dos pais e dos padrinhos é uma realidade que deve dar muito que pensar.

O Catecismo da Igreja Católica diz :

1251. – Os pais cristãos reconhecerão que esta prática corresponde, também, ao seu papel de sustentar a vida que Deus lhes concedeu.

O Direito Canónico Cânon 867 diz que os pais devem mandar baptizar os filhos, dentro de poucas semanas após o seu nascimento e que, se houver perigo, que sejam baptizados quanto antes. Isto é um assunto dogmático e não apenas uma simples legislação. Está em jogo a salvação de um ser humano. Jesus disse a Nicodemus :

- "Quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” .(Jo.3,3).

Os teólogos baseiam-se nestas palavras para concluírem que os não baptizados são excluídos do Reino de Deus. A lei que manda baptizar as crianças pouco tempo depois do seu nascimento, além de chamar a atenção para um assunto dogmático muito importante, tem também a finalidade de ensinar aos fiéis que o dom ordinário do amor de Deus que todos os dias nos oferece a salvação, não deve ser desprezado.


John Nascimento

OS FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO

OS FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO

Diz o Catecismo da Igreja Católica :


1832 . – Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós, como primícias da glória eterna. A tradição da Igreja enumera doze : caridade, alegria, paz, paciência, bondade, longanimidade, benignidade, mansidão, dfidelidade, modéstia, continência, castidade”. (Gal.5,22-23 Vulg).

A Bíblia, assim como faz referência aos Dons do Espírito Santo, também faz referência aos Frutos do Espírito Santo. Um fruto de uma planta ou de uma árvore é o produto de uma longa estação de crescimento. É a terminação de um processo de maturação, utilizando todos os recursos e energias utilizáveis, como a água, o fertilizante, a luz e o calor do sol. Este mesmo processo, por adaptação, se pode aplicar aos Frutos do Espírito Santo.

Eles são o produto de um crescimento e aperfeiçoamento dos Dons e graças do Espírito Santo. É S. Paulo quem mais fala dos Frutos do Espírito Santo, na sua carta aos Gálatas :

- “Mas o fruto do Espírito é : Caridade, Alegria, Paz, Paciência, Benignidade, Bondade, Fidelidade, Mansidão, Temperança”. (Gal.5,22-23).

S. Paulo apresenta apenas 9 Frutos do Espírito Santo, mas, baseando-se nestes, a Tradição costuma apresentar 12, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica.

Caridade. Cheios do Espírito Santo como estava Jesus quando proclamou a Sua missão, também nós estamos aptos para nos aproximarmos de quantos estão à nossa volta e precisam da nossa ajuda, da nossa Caridade, especialmente os pobres e doentes e todos os que são vítimas da injustiça social. Devemos estar sempre disponíveis para partilhar com os outros o fruto da nossa Caridade.

Alegria. Uma vez que nós sabemos que Deus cuida de nós, aceita-nos, louva-nos e está sempre activamente presente em nós pelo Seu Espírito, devemos sentir-nos sempre felizes e Alegres por isso, e, ao mesmo tempo, devemos partilhar com os outros essa nossa felicidade e Alegria.

Paz. Porque nós estamos intimamente relacionados com Deus, sabemos que Deus está tão perto de nós como a nossa própria respiração.
E isto nos dá uma plena serenidade e Paz. Da mesma maneira, quando não nos sentimos em Paz, certamente podemos pensar que não estamos em verdadeira intimidade com Deus.

Paciência. Sabendo que somos verdadeiramente amados e amáveis, podemos ser capazes de aceitar a dor, sofrendo a insensibilidade dos outros a nosso respeito, por vezes a sua incompreensão e até a injusta aceitação de quem nos não ama. Isto é a Paciência.

Benignidade. Significa moderação do nosso espírito de modo a evitarmos a hostilidade e agressividade. É a paciência acrescida de um espírito de gentileza que nos faz ter pelos outros a maior consideração, como uma atitude que nos deve ser natural. Isto é Benignidade.

Bondade. Refere-se ao modo como nós agimos e nos comportamos dentro do nosso meio, da nossa comunidade. Devemos ser o que verdadeiramente somos. Devemos tentar ser capazes de mostrar que somos a pessoa que mostramos ser. Devemos partilhar com os outros a medida do amor que nos vem do Espírito Santo que está em nós. E isto é que é a Bondade.

Fidelidade. Como fruto da fé, pela Fidelidade nós estamos seguros de que Deus está intimamente unido a nós e como o nosso próprio respirar nós acreditamos nos outros com mais facilidade. Podemos mostrar uma confiança mais profunda nas outras pessoas. E isto é a Fidelidade.

Mansidão. Com o coração apaziguado, não mais contam para nós os defeitos dos outros. Nós tomamos as nossas decisões, não com base nos males dos outros, mas sim na sua bondade, e na necessidade que eles possam ter de nós. É um fruto muito positivo que se chama Mansidão.

Longanimidade. É o espírito de resignação e magnanimidade que nos torna pacientes até ao ponto de sermos capazes de aceitar e suportar com altivez as próprias acusações injustas e os ultrajes e insultos com os quais os outros pretendem humilhar-nos. Um dom precioso em certas circunstâncias, talvez mal conhecido e mal apreciado e que se chama a Longanimidade.

Modéstia ou Temperança. Quando o espírito de amor enche toda a nossa vida, não mais precisamos de impressionar os outros com qualquer outra força ou grau de personalidade ou influência humana. Não precisamos de nos mostrarmos mais do que na realidade somos, preferindo ficar sempre aquém, e com a nossa humildade mostramos a nossa Modéstia ou Temperança.

Continência. O nosso meio ambiente e a nossa comunidade têm possibilidades de nos ajudar a alcançar o nosso autocontrole. Nós devemos desenvolver as nossas possibilidades e aumentar os nossos merecimentos, numa linha de vida impecável, que seja a melhor para nós e cujas acções sejam as mais apropriadas para uma longa vida, mantendo-nos em constante espírito de Continência.

Castidade. Também dentro da nossa comunidade nós devemos ser capazes de formar uma amizade, uma camaradagem e um respeito mútuo que nos ajudem a agir apropriadamente com o dom da nossa sexualidade. Quando nós ficamos marcados com o dom do Espírito Santo, logo começamos uma nova caminhada de crescimento, alheios ao contágio do mundo e às exigências da concupiscência, mantendo-nos em autêntica Castidade.

Com os Dons e Frutos do Espírito Santo, nós viveremos plenamente a nossa vida humana e cristã na nossa sociedade. Trabalhando com estes recursos e usando-os em profundidade, tornamo-nos aptos para, com a comunidade e com o Espírito Santo, viver uma vida de felicidade.

Na linguagem da Teologia clássica, quando as graças infusas transformam o coração, a inteligência, a alma e a vontade das pessoas, já elas podem esperar encontrar um amplo campo de Frutos do Espírito Santo.

Ajudados pelos Dons do Espírito Santo e enriquecidos pelos seus Frutos, estaremos mais aptos para uma evangelização mais eficaz e tão necessária para os tempos que vão correndo.






John Nascimento

OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

Diz o Catecismo da Igreja Católica :


1830 . – A vida moral dos cristãos é sustentada pelos dons do Espírito Santo. Estes são disposições permanentes que tornam o homem dócil aos impulsos do Espírito Santo.

1831 . – Os sete dons do Espítrito Santo são : a sabedoria, o entendimento, o conselho, a fortaleza, a ciência, a piedade e o temor de Deus. Pertencem, em plenitude, a Cristo, filho de David. Completam e levam à perfeição as virtudes de quem os recebe. Tornam dóceis os fiéis na obediência às inspirações divinas.



No Antigo Testamento podemos ler em Isaías :

-“ Brotará uma vara do tronco de Jessé e um rebento das suas raízes:
- Espírito de Sabedoria e de Entendimento.
- Espírito de Conselho e de Fortaleza.
- Espírito de Ciência e de Temor de Deus.
- E pronunciará os seus decretos no Temor do Senhor”. (Is. 11,1-3).

Nestas palavras o profeta, Isaías indicou os Dons que devia possuir o Messias. Do mesmo modo estas palavras nos ensinam quais as qualidades especiais que hão-de receber os que seguem a Jesus, segundo a Economia Divina, quando eles recebem os Dons dos Espírito Santo.

Quando nós recebemos os Dons do Espírito Santo, recebemos os mesmos Dons que possuía o Messias, Jesus Cristo. O que é que estes Dons significam para nós ?
- Os Dons do Espírito Santo são qualidades especiais que nós recebemos principalmente no Sacramento da Confirmação (ou Crisma).

Por isso se diz que a Confirmação é o Sacramento do Espírito Santo. Por ele nós recebemos um crescimento e aprofundamento da graça baptismal, como nos diz o Catecismo da Igreja Católica, ao tratar dos efeitos da Confirmação :

1302. - Ressalta desta celebração que o efeito do sacramento da Confirmação é a infusão do Espírito Santo em plenitude, tal como outrora aos Apóstolos, no dia de Pentecostes.

1303. - Daqui que a Confirmação venha trazer crescimento e aprofundamento da graça baptismal:

- Enraíza-nos mais profundamente na filiação divina, que nos permite dizer Abba! Pai! (Rom.8,15).

- Une-nos mais intimamente a Cristo.
- Aumenta em nós os Dons do Espírito Santo.
- Torna mais perfeito o laço que nos une à Igreja.
- Dá-nos uma força especial do Espírito Santo para propagar e defender a fé, pela palavra e pela acção, como verdadeiras testemunhas de Cristo, e para nunca nos envergonharmos da Cruz.

Na mesma ordem apresentada por Isaías, nós temos ainda hoje os mesmos Dons do Espírito Santo e a Tradição acrescentou mais o Dom da Piedade.

Eis o que se deve entender por cada um deles :

Sabedoria : É o oposto à Estreiteza de espírito.A pessoa sábia não olha as coisas apenas de um ponto de vista, mas sim de maneira integral. Sabedoria significa ver as coisas de todos os ângulos. É esta larga visão que faz as pessoas sábias e é neste sentido que nos pode ajudar o Dom da Sabedoria.

Entendimento : Significa a Ciência do coração. Entender significa ver a partir do coração das outras pessoas, sentir e conhecer os sentimentos e as atitudes do coração das outras pessoas. É neste sentido que nos pode ajudar o Dom do Entendimento.

Conselho : Significa tomar boas decisões. Para se poderem tomar boas decisões é necessário um trabalho preparatório; ver as alternativas e prever as consequências. Então, quando a pessoa julga, o seu julgamento será correcto. É neste sentido que nos pode ajudar o Dom do Conselho.
Fortaleza : Significa que é preciso viver as decisões tomadas, sejam quais forem as dificuldades. Significa coragem para viver as próprias convicções, a qualquer preço. É neste sentido que nos pode ajudar o Dom da Fortaleza.

Ciência : Significa um conhecimento claro do mundo tal como ele é para cada um, conforme a época da vida em que se vive. O mundo vai mudando e é preciso interpretá-lo a seu tempo. É neste sentido que nos pode ajudar o Dom da Ciência.

Piedade : Significa ter na devida conta e apreço o valor da vida e tudo o que a mantém e suporta. O Dom da Piedade é para se enfrentar a realidade e responsabilidade de cada um, como por exemplo, os pais dedicarem-se aos seus filhos com todo o cuidado e ternura. Cada um deve assumir as suas responsabilidades. É neste sentido que nos pode ajudar o Dom da Piedade.

Temor de Deus : Significa que se deve reconhecer com profundos sentimentos de respeito e amor, que se está sempre na presença de Deus. Assim mais facilmente se reconhece o perigo do erro e do pecado bem como a vantagem do bem e do cumprimento do dever. É nesse sentido que nos pode ajudar o Dom do Temor de Deus.

Porque dá Deus os Seus Dons ao Seu Povo ?

Os Dons do Espirito Santo não são concedidos às pessoas apenas para sua felicidade pessoal no contexto da Economia Divina. Eles são concedidos para o bem da sua comunidade, para o bem de toda a Igreja e para o bem do mundo inteiro.

Os Dons do Espirito Santo são concedidos para ajudar a construir o Corpo Místico de Cristo e para o tornar santo. Os Dons do Espirito Santo tornam o Povo de Deus capaz de viver como Jesus viveu.

Os Dons do Espirito Santo concedem às pessoas tudo o que elas necessitam para se tornarem membros activos e plenamente participantes da vida cristã, elementos vivos da Igreja Católica.

Embora todos nós sejamos membros da Igreja Católica desde o dia do nosso Baptismo, todavia, todos nós, mais ou menos, temos dificuldade em cumprir tudo o que a Igreja Católica nos ensina.

No dia de Pentecostes, quando Pedro teve que falar para uma enorme multidão, ele resumiu o que é a fé da Igreja Católica nestes termos :

- "Homens de Israel, escutai estas palavras : Jesus de Nazaré, Homem acreditado por Deus junto de vós, com milagres, prodígios e sinais que Deus realizou no meio de vós, por Seu intermédio, como vós próprios sabeis, a Este, depois de entregue, conforme o desígnio imutável e a previsão de Deus, matastes, cravando-O na cruz, pela mão de gente perversa. Mas Deus ressuscitou-O, libertando-O dos grilhões da morte, pois não era possível que ficasse sob o seu domínio (... ) Foi a esse Jesus que Deus ressuscitou, do que nós somos testemunhas. Tendo sido elevado pela direita de Deus, recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou o que vedes e ouvis.. (... ). Saiba toda a casa de Israel, com absoluta certeza, que Deus estabeleceu, como Senhor e Messias, a esse Jesus por vós crucificado". (Act.2,22-36)
Mais tarde, no ano 325, os chefes da Igreja reuniram-se no Concílio Ecuménico de Niceia para estudarem e decretarem sobre as verdades da fé Católica e formularam o chamado Credo de Niceia que ainda hoje é recitado na Missa, e o qual inclui 14 decretos de Fé.

Os Dons do Espírito Santo são dons necessários para o plano da História da Salvação.

O DESCANSO DOMINICAL

O DESCANSO DOMINICAL
Diz o Catecismo da Igreja Católica :
2185. - Aos domingos e outros dias festivos de preceito, os fiéis abstenham-se de trabalhos e negócios que impeçam o culto a prestar a Deus, a alegria própria do Dia do Senhor, a prática das obras de misericórdia ou devido repouso do corpo e do espírito. As necessidades familiares ou uma grande utilidade social constituem escusas legítimas em relação ao preceito do descanso dominical. Mas os fiéis estarão atentos a que legítimas desculpas não introduzam hábitos prejudiciais à religião, à vida familiar e à saúde.
A segunda obrigação para a celebração semanal do Domingo é o Descanso. À volta deste tema evoluíram outras tradições religiosas. Durante os primeiros três séculos do Cristianismo não havia qualquer tradição particular ou disciplina que proibisse o trabalho ou qualquer actividade ao Domingo.
Nem os baptizados estavam dispensados ou proibidos de trabalhar ao Domingo na primitiva Igreja. Muitos dos trabalhadores pertenciam a uma classe de pessoas mais humildes e até escravas. Quando a situação económica melhorou alguma coisa, tornou-se então popular a ideia de descansar um dia por semana.
Por seu lado, o desenvolvimento da celebração da Eucaristia como um rito ou culto obrigatório, sugeria que o dia de Descanso fosse ao Domingo. Um dia de Descanso semanal estava relacionado com a necessidade humana, reconhecida pela autoridade civil Romana, de haver um intervalo regular para a monotonia do trabalho, isto é, um dia de Descanso.
No dia 3 de Março (ou de Julho) de 321, o Imperador Constantino ordenou um feriado semanal consagrado para a "Veneração do dia do Sol". Este feriado teve como motivo, mais o culto e devoção pelo dia do Sol, como já tinha feito seu pai, do que por uma convicção religiosa.
Todavia esse decreto de Constantino, dava aos Cristãos os mesmos privilégios que tinham os pagãos para as suas festas durante todo o ano. O motivo para juntar o dia do Descanso com o culto do Domingo, não estava ligado ao sábado judaico nem ao cumprimento do 3° Mandamento.
Também não foi o motivo para descansar nesse dia. Quando os primeiros escritores cristãos fizeram a interpretação do 3° Mandamento para os baptizados, aconselharam a abstinência de actividades pecadoras tanto nos domingos como nos outros dias.
S. Jerónimo, e mais tarde o Concílio de Orleães (538) condenaram qualquer ligação entre o sábado judaico e o Descanso do Domingo cristão. Foi-se tornando, todavia, mais comum a compreensão da interligação dos Dez Mandamentos com o conteúdo da vida cristã.
A disciplina da Igreja sobre o Descanso do Domingo, foi-se acentuando e, em 589, o Concílio de Narbonne foi convocado para a proibição e respectivas penalidades do trabalho ao Domingo. Em 789, o Imperador Carlos Magno proibiu o trabalho do Domingo como violação do 3° Mandamento.
Esta proibição alastrou por toda a Igreja. Nunca houve, todavia, uma disciplina unânime sobre o género de trabalhos proibidos aos Domingos. Geralmente consideravam-se proibidos os trabalhos considerados desnecessários, ou que impedissem a Missa dominical e perturbassem a santidade desse dia. Fazia-se uma especial referência aos trabalhos físicos.
Presentemente a lei da Igreja é positiva :
Cân.1247. - Nos Domingos e dias santos de guarda os fiéis estão obrigados a abster-se daqueles trabalhos que impedem de prestar culto a Deus, a alegria que é própria do Dia do Senhor ou impedem o descanso para o espírito e para o corpo.
Por sua vez o Concílio Vaticano II estabeleceu :
- (... ) O Domingo é, pois, o principal dia de festa a propor e inculcar no espírito dos fiéis; seja também, o dia da alegria e do repouso. Não deve ser sacrificado a outras celebrações que não sejam de máxima importância, porque o domingo é o fundamento e o centro de todo o Ano litúrgico. (SC 106).
Por aqui se compreende que todas as actividades que se fazem por prazer, distracção, e relaxamento do corpo ou do espírito, não são considerados trabalhos proibidos ao Domingo.
Estão neste caso, ver TV, praticar desporto, desenhar ou pintar, fazer croché, e tudo o mais que se possa considerar um "Hobby", desde que não impeçam os deveres de culto e contribuam para a alegria e repouso do Dia do Senhor.
Falando dos Trabalhadores para a Messe do Senhor, evidentemente, falamos de um direito humano, mas não excluímos o direito ao descanso dominical pelas razões apontadas, nem esquecemos o que a Igreja ensina sobre o trabalho do Domingo.
O Santo Padre convida todos os católicos a assistirem à Missa Dominical, como base da formação moral e religiosa para a nossa sociedade.
O Catecismo da Igreja Católica sobre o Terceiro Mandamento diz em vários números:
* A Sagrada Escritura faz, a este propósito, memória da criação. (2169).
* A Sagrada Escritura revela ainda, no dia do Senhor, o memorial da libertação de Israel. (2170).
* O agir de Deus é o modelo do agir humano. (2172).
O mundo de hoje, profundamente materializado, numa linha de negócio, mas com a desculpa ou convicção de que é para o bem público, já não respeita devidamente o descanso dos Domingos, abrindo ao público os grandes Supermercados em que se jogam os interesses materiais com a obrigação do trabalho para os respectivos empregados, que, em muitos casos vão perdendo o interesse pelo culto sagrado do Dia do Senhor.

John Nascimento

BÍBLIA : SOLA SCRIPTURA E A INTERPRETAÇÃO INDIVIDUAL - DIÁLOGO CATÓLICO & PROTESTANTE!

BÍBLIA : SOLA SCRIPTURA E A INTERPRETAÇÃO INDIVIDUAL - DIÁLOGO CATÓLICO & PROTESTANTE!
Enviado por doutrina em 26/06/2011 05:29:00 (628 leituras)
Autor: Rafael Rodrigues
Fonte: apologeticacatólica.org


Uma das principais diferenças entre católicos e protestantes reside na questão de onde está a autoridade. Enquanto os católicos aceitam a autoridade da Igreja e da Tradição, os protestantes afirmam que seguem apenas a Bíblia (sola Scriptura), e que cada crente tem a última palavra sobre a interpretação final em termos de preocupações de doutrina e prática (interpretação pessoal ou livre exame da Bíblia.)

Mas, para entender um pouco mais esta forma de pensar eu traduzi uma conversa fictícia entre um católico e um protestante apologista Dave Armstrong, que se reproduz em seu livro, “Mais evidências bíblicas para o catolicismo”:

Protestante (P): X é uma verdadeira doutrina, é verdade, porque está na Bíblia.

Católico (C): Segundo qual tradição denominacional?

P: A nossa …

C: Como você sabe que a sua tradição é a verdadeira e as outras são falsas?

P: Porque nós somos os únicos que têm a interpretação mais fiel da Escritura, pois somos os mais bíblicos.

C: Como você sabe que sua interpretação é mais fiel às Escrituras?

P: Por que nossa exegese é a mais harmoniosa e coerente com o texto e, portanto, o ensino mais claro da Bíblia.

C: Mas o resto das tradições protestantes afirmam a mesma coisa …

P: Devo dizer com grande respeito e amor que eles estão errados.

C: Como você sabe que eles estão errados? Se os protestantes não tem que ser tolerantes uns com os outros em suas “diferenças”, especialmente nos pontos “secundários”?, Mas você está chamando seus irmãos em Cristo “errados”

P: Eu sou obrigado, porque eles não conseguiram a correta hermenêutica e exegese, e eu devo ser fiel à verdade bíblica.

C: Mas como você sabe que eles falharam em seu método de interpretação?

P: Através da Bíblia e do estudo lingüístico, eo consenso dos estudiosos e comentadores.

C: Mas eu repito: Aos outros são dados os mesmos privilégios e competências.

P: Então, novamente eu digo: errado. Eles devem ter ficado cegos por seus preconceitos e pressuposições, ou até mesmo por seus pecados.

C: Como você sabe?

P: Porque eles chegaram a conclusões erradas sobre o que a Bíblia ensina claramente.

C: Francamente, o seu é um raciocínio circular. Mas mesmo aceitando a sua resposta eu pergunto: Como pode essa pessoa incauta e não buscadora da verdade escolher esta denominação como aquela que ensina a verdade sobre as Escrituras?

P: Olhando para aquele que é mais bíblica.

C: Não comece isso de novo (risos). Todos afirmam ser.

P: Bem, então, aquela que é apostólica e tem raízes nos primórdios da Igreja.

C: Então os pais devem ser estudados a fim de determinar quem é a verdadeira tradição apostólica?

P: Sim, eu acho.

C: Mas se você achar que a grande maioria dos pais tinha uma posição em qualquer doutrina contrária à sua posição?

P: Então, eles estavam errados sobre esse ponto.

C: Como você sabe?

P:Por que estudo as Escrituras

C: Então, quando tudo estiver dito e feito, é irrelevante o que a Igreja cristã ou os pais ou a Igreja tem acreditado em toda a história?

P: Não completamente, mas devo julgar se o que eles alegaram está em conformidade com a Bíblia.

C: Então você tem a última palavra e, portanto, é o árbitro final de cada tradição e da doutrina cristã?

P: Bem, se você quiser colocá-lo dessa maneira, sim.

C: Não é arrogante?

P: Não tanto quanto um papa e um grupo de pessoas mais velhas com chapéus vermelhos e vestido, me dizem o que acreditarr (risos)

C: Então você se faz o árbitro final de cada doutrina cristã, e objeta o Papa que faz um pronunciamento infalível a cada cem anos ou mais? É irônico! Sem dizer que isso te faz uma espécie de ” Super Papa “

P: Você diz que quiser, mas nós o chamamos o primado da consciência individual.

C: Então você acha que sua própria opinião individual e “consciência” é superior à combinação do consenso de centenas de anos da história da igreja, os pronunciamentos do papa, a tradição da igreja e concílios ecumênicos …

P: Sim, porque se uma doutrina não é bíblica, por isso deve denunciar qualquer tradição dos homens, que é o caso.

C: Mas como você sabe que é uma tradição humana?

P: Por que não concordam com a Bíblia ….

C: Com base em que tradição denominacional?

P: A nossa …

C: Eu vou embora, já estou ficando com uma dor de cabeça …
Uma discussão similar há algum tempo atrás eu com um protestante e foi muito frustrante ver como ele não podia sair desse círculo vicioso. No seu caso particular, era completamente inconsciente da diferença entre a Escritura e sua interpretação. Para ele, o que ele achava da Bíblia foi o que ela disse, e quem é interpretava de forma diferente estava errado e ponto, seja por não estudar o suficiente,por não ter o Espírito Santo, ou ser cegado pelo pecado, por ter ” herdado” preconceitos do catolicismo romano, e etc. Foi também curioso vê-los citar eruditos: Se o que eles disseram foi em conformidade com o que ele alegou, sua opinião foi válida, mas se não, uma maldição.

Depois de tudo o que temos é o que se poderia chamar de “cafeteria do cristianismo”: Cada pessoa escolhe quais as doutrinas querem acreditar, toma dali e daqui igual ao consumidor com seu carrinho de compras passa através das prateleiras do supermercado e comprar o que quiser nas quantidades que preferir.
Escusado seria dizer que esta posição acaba por ser só inviável para alcançar a unidade doutrinária que exige a Igreja de Cristo (1 Coríntios 1.10), mas que ela não é bíblica por negar a autoridade instituída por Cristo na Igreja (Lc 10, 16) como administradora dos mistérios de Deus (1 Coríntios 4.1).

Não admira que este pensamento foi soprado ao protestantismo em grupos cada vez menores para gerar milhares de denominações. Ainda hoje é possível encontrar diferenças entre as denominações semelhantes diferenças extremamente grave. Existem Igrejas Luteranas e Presbiterianas que apóiam o aborto e outras não, o casamento gay há alguns que apóiam outros não, o que não nada senão é apenas um sintoma de como a corrupção penetrou profundamente na não só em suas praticas mas em suas doutrina (não podemos descrever de outra forma os que concordam e justificar o assassinato de bebês em gestação e a sodomia.)

Devo dizer que os cristãos da Igreja não são invulneráveis a riscos que destes modos de pensar, aí encontramos mais e mais “católicos”, com um pensamento semelhante em muitos pontos dos protestantes e rejeitar a autoridade da Igreja, mesmo sobre a doutrina fundamental. Há uma abundância dos católicos de frente “progressista” publicamente negando dogmas, bem como “lefebvrianos” direta ou veladamente discordando de um Concílio Ecumênico, pregando o congelamento da tradição e rejeitando o ensinamento da Igreja de hoje com base em sua própria interpretação da tradição do passado.

Para todos estes casos, se não quisermos sofrer o destino protestantes e imerso na idolatria da consciência individual, não há outro jeito, se não a professar a fé da Igreja integra e absoluto.

Deve-se aplaudir a Palavra proclamada nas missas?

Deve-se aplaudir a Palavra proclamada nas missas?
O que você acha? Eu tenho certeza!


Vejamos...

A liturgia eucarística vem sempre precedida de uma liturgia da palavra. Por quê? Qual a razão profunda deste fato e como devemos entender e vivenciar espiritualmente a relação entre estas duas partes da celebração eucarística, a missa? Quais são as conseqüências disso para nossa prática pastoral?

Em algumas comunidades, os seus respectivos pastores, interferem na persuasão da proclamação da palavra, dizem ser bobagem ficar aplaudindo a palavra quando a mesma foi proclamada. Será que a palavra não tem significado persuasivo para a liturgia, para a celebração ou para a eucaristia?

Vamos analisar os dois contextos celebrativos da missa: MESA DA PALAVRA x MESA EUCARISTICA.

A liturgia da Palavra não é um simples preâmbulo ou ‘ante-missa’ como era considerada antes do Concílio Vaticano II. É parte integrante. Fala-se de ‘duas mesas’ onde é distribuído o pão da vida: a mesa da palavra e a mesa do corpo de Cristo: “Espiritualmente alimentada nestas duas mesas, a Igreja, em uma, instrui-se mais, e na outra se santifica mais plenamente; pois na palavra de Deus se anuncia a aliança divina, e na Eucaristia se renova esta mesma aliança nova e eterna. Numa, recorda-se a história da salvação com palavras; na outra, a mesma história se expressa por meio dos sinais sacramentais da Liturgia”1


Ora, Sagrada Escritura (principalmente o evangeliário), recebe a mesma veneração que o mistério eucarístico (entrada solene, incensação, beijo do evangeliário, atenção dada à proclamação, aclamação com plamas, etc). Tanto a palavra de Deus quanto o mistério eucarístico são considerados, pela tradição, o corpo de Cristo (Cf. IELM 10). Vejamos dois textos significativos, um de são Jerônimo, outro de Cesário de Arles2:


“Eu penso que o Corpo de Cristo é o evangelho e que seus ensinamentos são as sagradas escrituras. Quando, pois, Jesus diz: ‘Quem não come minha carne e não bebe o meu sangue, não tem a vida,’, podemos certamente entender que ele está falando da eucaristia. Mas é certo igualmente que o Corpo de Cristo e seu sangue são a palavra das escrituras, seu divino ensinamento. Quando participamos da celebração da eucaristia, tomamos cuidado para que nenhuma migalha se perca. Quando ouvimos a palavra de Deus, quando a palavra de Deus é dada a nossos ouvidos e nós, então, ficamos pensando em outras coisas, que cuidado tomamos? Alimentamo-nos da carne de Cristo, não somente na eucaristia, mas também na leitura das escrituras.” (São Jerônimo, Comentário sobre o Livro do Eclesiastes)3.


"Eu lhes pergunto, irmãos e irmãs, digam o que, na opinião de vocês, tem mais valor: a Palavra de Deus ou o Corpo do Cristo? Se quiserem dar a verdadeira resposta, certamente deverão dizer que a palavra de Deus não vale menos que o corpo do Cristo. E por isso, todo o cuidado que tomamos quando nos é dado o corpo do Cristo, para que nenhuma parte escape de nossas mãos e caia por terra, tomemos este mesmo cuidado, para que a palavra de Deus que nos é entregue, não morra em nosso coração enquanto ficamos pensando em outras coisas ou falando de outras coisas; pois aquela pessoa que escuta de maneira negligente a palavra de Deus, não será menos culpada que aquela que, por negligência, permitisse que caia por terra o corpo do Cristo." (Sermo 78,2, Sources Chrétiennes, 330, p. 241).4


Então, podemos dizer que a liturgia da palavra e a liturgia eucarística são considerados ‘um só ato de culto’: ”Estão tão intimamente ligadas entre si as duas partes de que se compõe, de algum modo, a missa - a liturgia da Palavra e a liturgia eucarística - que formam um só ato de culto. (SC 56; Cf. IELM 10), é bonita demais a nossa liturgia!


Na missa, a liturgia da palavra é o primeiro elemento: ouvimos a boa nova e as exigências da nova aliança realizada na pessoa de Jesus (leituras bíblicas, homilia). Respondemos com a profissão de fé, assumindo o compromisso de pautar toda a nossa vida na palavra do Senhor, aguardando a plena realização do Reino. E assim a assembléia dos fiéis vai se convertendo cada vez mais em povo da nova aliança (Cf. IELM 45). A liturgia eucarística é o segundo elemento, quando a aliança é renovada, selada, efetivada no memorial da morte-ressurreição de Jesus, com o pão e o vinho que serão repartidos entre todos. Assim o expressa a IELM: “...o anúncio da morte e ressurreição do Senhor e a resposta do povo que escuta se unem inseparavelmente com a própria oblação, pela qual Cristo confirmou com o seu sangue a nova Aliança...(n. 44, citando PO 4). “Na ação litúrgica, a Igreja responde fielmente o mesmo ‘Amém’ que Cristo (...) pronunciou, de uma vez para sempre, ao derramar seu sangue, a fim de selar, com a força de Deus, a nova aliança no Espírito Santo.” (IELM 6). Desta forma, “sempre que a Igreja, congregada pelo Espírito Santo na celebração litúrgica, anuncia e proclama a palavra de Deus com extrema alegria, pois é Deus quem nos fala e a comunidade participante, se reconhece a si mesma como o novo povo, no qual a aliança antigamente travada chega agora à sua plenitude e perfeição.” (IELM 7).


Na liturgia da palavra, todas as leituras bíblicas (assim como todos os acontecimentos de nossa vida pessoal e social) são interpretadas a partir do mistério pascal do Senhor. É que, para nós, cristãos, a história da salvação culmina na pessoa de Jesus Cristo. Por isso, ele é também “o centro e a plenitude de toda a Escritura e de toda a celebração litúrgica” (IELM 5), por isso a palavra precisa ser aclamada, aplaudida, pois é o Pai que se revela no seu filho Jesus pela ação amorosa do Espírito Santo.



Quando nos referimos a Jesus Cristo na liturgia, não estamos lembrando uma pessoa ausente ou um fato do passado apenas; estamos na presença de um vivo: o Ressuscitado. A força e eficácia da liturgia nos vêm desta presença real, atual e atuante de Cristo e de seu Espírito transformador na assembléia litúrgica, tanto na liturgia da palavra, quanto na liturgia eucarística: “Para que possam celebrar vivamente o memorial do Senhor, lembrem-se os fiéis de que a presença de Cristo é uma só, tanto na palavra de Deus, ‘pois quando se lê na Igreja a Sagrada Escritura, é ele quem fala’, como ‘especialmente sob as espécies eucarísticas’ (IELM 46, com citação de SC 7).


No sínodo dos bispos o cardeal Carlo Maria Martini, dizia que: "A Igreja nasce da Palavra de Deus, cujo significado último é o próprio Verbo de Deus e o Verbo encarnado, Jesus Cristo. É a Palavra dos profetas, a Palavra dos apóstolos e, por fim, a Palavra escrita da Bíblia. A Igreja nasce dessa Palavra e, portanto, se renova, se regenera toda vez que retorna a essa Palavra. Em particular, a Palavra da Escritura está nas mãos da Igreja, a fim de que a Igreja recorra a ela amplamente, e a fim de que se renove nesse contato. De fato, a Igreja, continuamente, se renova, bebendo da fonte da Palavra de Deus, assim como se renova nutrindo-se da Eucaristia."


Eu não aplaudo a palavra só porque sou carismático, não existe isso. A Palavra em si é carismática, pois é inspirada e refletida sob a ação do Espírito Santo.


Queridos, concluo dizendo que: A palavra de Deus deve ser motivo de alegria em nossas celebrações, sejam sacramentais ou sacramentos.


Os preceitos de Deus alegram o coração. Eles nos dão alegria. A obediência aos preceitos de Deus produz uma alegria plena em nosso coração. O vazio de nossa vida é preenchido por esta Palavra. Andar em seus caminhos retos nos faz desfrutam de uma vida de alegria com toda nossa disposição. Como um guia que nos educa: a palavra de Deus nos toma pela mão, e nos guia na estrada reta da vida. Leva-nos a desfrutar de uma satisfação moral, de uma paz na consciência, da certeza de ter tido nosso passado perdoado, da confiança de estar no caminho certo no presente, e da esperança de que nosso futuro será glorioso. Isto enche nosso coração de alegria.


Por isso digo que a palavra de Deus deve ser aclamada sempre. É o Pedagogo Deus que nos conduz à verdade. Viva o Pai, viva o Filho, viva o Espírito que nos inspira e nos ensina. Viva a Trindade Santa. Amém. Que a alegria do Senhor seja a vossa força!


(Ne 8,10).


PE. Fróes


Bibliografia:
• BUYST, Ione. A Palavra de Deus na liturgia. 5. ed. São Paulo: Paulinas, 2004. (Col. Rede Celebra, 1).
• Documento Concílio Vaticano II: Sacrossanctum Concilium (Sagrada Liturgia)
• Documento Concílio Vaticano II: Dei Verbum (Palavra de Deus)
• GUIMARÃES, Marcelo Resende. Conversando com os Pais e Mães da Igreja, Petrópolis: Vozes, 1994.
• IELM - Introdução geral ao elenco das leituras da missa.
• Documento sobre as Missões: AD Gentes (Para os Povos)
• Instrução Geral do Missal Romano: IGMR