segunda-feira, 28 de junho de 2010

Os católicos são idólatras?

DE VEZ EM QUANDO ALGUM PROTESTANTE NOS ABORDA SEMPRE COM O MESMO DISCURSO, SOMOS IDÓLATRAS, ADORADORES DE IMAGENS, SERÁ QUE ELES TEM RAZÃO, OU MAIS UMA VEZ INTERPRETAM A BIBLIA DE FORMA ERRÔNEA.

ABAIXO SEGUE UM ESTUDO SOBRE IMAGENS....

“Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo,sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto. Eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus zeloso que vingo a iniqüidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam,” (Ex 20,5)

“De que serve a imagem esculpida para que o escultor a talhe? E o ídolo fundido, que só ensina mentiras, para que o artífice nele ponha a sua confiança, fabricando divindades mudas? Mas o Senhor reside em sua santa morada; silêncio diante dele, ó terra inteira!” (Hab 2, 18-19)

VEJA O QUE O SENHOR PEDIU QUANDO ORDENOU CONSTRUIR A ARCA DA ALIANÇA:

“Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas
extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de
modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão
esses querubins suas asas estendidas para o alto, e protegerão com
elas a tampa, sobre a qual terão a face inclinada. Colocarás a tampa
sobre a arca e porás dentro da arca o testemunho que eu te der. Ali
virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que
estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens
para os israelitas.” (Ex 25, 18-22)

1. ADORAR VS VENERAR

Poderão dizer que venerar e adorar são a mesma coisa, pois o dicionário Aurélio traz esta como sinônimo daquela. Vamos ver?
Bem, nenhum dicionário é tratado de epistemologia, de hermenêutica ou de exegese. E qualquer estudo mais sério de sinonímia dirá que não há sinônimo que seja absolutamente equivalente.
Ainda que se existem duas palavras distintas para designar algo ou uma ação, é porque cada uma delas dá um matiz diverso da coisa ou da ação designada. Se duas palavras são absolutamente idênticas, a língua tende a eliminar uma delas.
Assim, adorar não é venerar, nem, muito menos, idolatrar. Cada uma dessas palavras tem sentidos diferentes.
Adorar significa reconhecer como Deus, criador de todas as coisas. Idolatrar, embora o Aurélio não explique isso, significa em certo sentido o oposto, pois designa a ação de adorar uma criatura em vez de adorar o Criador.
Materialmente, a ação de adorar e a ação de idolatrar são idênticas. Formalmente são opostas.
No II livro dos Reis (18,3-4) que o Rei Ezequias destruiu a serpente de bronze feita por Moisés.
“Fez o que é bom aos olhos do Senhor, como Davi, seu pai. Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau asserás. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham até então queimado incenso diante dela. (Chamavam-na Nehustã).” 2Rs (18,3-4)

Pois o que prova esse texto?
Prova:
1) que Moisés fizera de fato uma serpente de bronze;
2) que essa serpente fora conservada pelos judeus durante longo tempo;
3) que eles acabaram por adorá-la ou a prestar-lhe culto indevido;
4) que por isso, Ezequias a quebrou.

Teria agido mal Moisés ao fazer a serpente de bronze? É claro que não, pois foi o próprio Deus quem ordenou fazê-la e olhar para ela para que os judeus se curassem.
Erraram os judeus conservando-a? É evidente que não, porque mostravam gratidão e obediência a Deus. E entre os que conservaram estavam Moisés, Josué, os Juízes, Daví, Salomão. Será que todos eles estavam errados?
Quando a transformaram abusivamente em ídolo, Ezequias a destruiu. Abusus non tolit usum. O abuso não tolhe o uso. Se alguém abusa do culto de dulia ( No cristianismo Dulia (do grego δουλεια, "douleuo" que significa "honrar"), é um termo teológico que significa a honra o e culto de veneração devotados aos santos. A veneração especial devotada a Maria chama-se hiperdulia (‘υπερδουλεια). É praticado pelas Igrejas Católica, Ortodoxa e alguns grupos da Igreja Anglicana) de um santo e de sua imagem, e passa da veneração a idolatria, isso é um abuso condenável que não proíbe nem invalida o culto de dulia - e não de latria (Culto a Deus) - de um santo e de sua imagem.
Erraram depois os judeus transformando-a em ídolo? Evidente que sim, e, por isso fez bem Ezequias em destruí-la. Portanto, enquanto não se adora uma imagem como se fosse Deus, é lícito tê-la e mesmo “olhar para ela para ser curado” como Deus mandou.
E nenhum católico de verdade olha para uma imagem de Nossa Senhora e dos santos julgando que sejam Deus e adorando essas imagens. Nós as veneramos tal como um filho venera o retrato de sua mãe.
E quando rezamos para Nossa Senhora, só repetimos o texto de São Lucas — “Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”. (Lc 1,28). Em São Lucas se lê ainda: “Todas as gerações me chamarão de bem aventurada” (Lc 1,48). Todas as gerações chamarão a Virgem Maria de bem aventurada.
Nosso Senhor Jesus Cristo escolheu doze apóstolos para ensinar a todos quem Ele era, e quem não ouve esses mediadores de Cristo, não ouve o próprio Cristo: “Quem vos ouve, a Mim ouve” (Lc 10,16).
Cristo exigiu que ouvíssemos seus apóstolos e evangelistas como “mediadores segundos”, entre Deus e nós.
E a Pedro Ele disse:
“E tu, depois de convertido confirma teus irmãos (Lc 22,32)”. A nenhum outro Ele deu essa missão.
“Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16,19)

2. DEUS PROÍBE A CONFECÇÃO DE IMAGENS?

“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas
extremidades do propiciatório.” (Ex 25,18)
Muitas vezes andando nas ruas encontramos pessoas vestidas com ternos e com uma Bíblia na mão, ensinando que usar imagens em igrejas é idolatria.
Por este motivo costumam chamar os católicos de idólatras, isto é, adoradores de ídolos, que quer dizer adoradores de falsos deuses. E ainda acusam a Igreja Católica de ensinar a adoração destas imagens.
Os protestantes encaram o uso das imagens sacras como um insulto ao mandamento divino que consta em Ex 20,4 que proíbe a confecção delas.
A Igreja Católica sempre defendeu o uso das imagens. Estaria a Igreja Católica desobedecendo a ordem divina em Ex 20,4?
A Igreja Católica é a guardiã da doutrina ensinada pelos apóstolos e por Cristo, sem lhe inculcar qualquer mudança. Se ela quisesse mesmo agir contra a ordem divina, teria adulterado a Bília nas passagens em que há a condenação das imagens.
Na Bíblia católica – pois a Bíblia protestante não contém sete livros relativos ao Velho Testamento – O Livro da Sabedoria condena como nenhum outro a idolatria (Sb 13-15). Não poderia a Igreja repudiar o livro como fizeram os protestantes?
Na Sagrada Escritura há outras passagens que condenam a confecção de imagens como por exemplo: Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 e etc. Mas também há outras passagens que defendem sua confecção como: Ex 25,17-22; 37,7-9; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc.
“Tudo isso, disse Davi, todos os modelos destas obras, foi o Senhor quem me ensinou por um escrito de sua mão”. (1Cr 28,19) Pode Deus infinitamente perfeito entrar em contradição consigo mesmo? É claro que não. E como podemos explicar esta aparente contradição na Bíblia?
Isto é muito simples de ser explicado. Deus condena a idolatria e não a confecção de imagens.
Quando o objetivo da imagem é representar, ou ser um ídolo que vai roubar a adoração devida somente a Deus, ela é abominável. Porém quando é utilizada ao serviço de Deus, no auxílio à adoração a Deus, ela é uma benção. Vejamos os textos abaixo:
“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em
cima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te
encurvarás a elas nem as servirás; porque Eu, o Senhor teu Deus, sou zeloso, que
visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira geração daqueles que me
aborrecem.” (Ex 20,4-5)
Note que nesta passagem a função da imagem é roubar a adoração devida somente a Deus. O texto bíblico condena a confecção da imagem porque ela está roubando o culto de adoração ao Senhor. A existência deste mandamento se deve pelo fato do povo judeu ser inclinado à idolatria, por ter vivido no Egito que era uma nação idólatra e por estar cercado de nações pagãs, que não adoravam a Deus, e que construíam seus próprios deuses. Deus quer dizer aqui “não construam deuses para vocês, pois Eu Sou o
Deus Único e Verdadeiro”.
“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas
extremidades do propiciatório. Farás um querubim na extremidade de uma parte, e
outro querubim na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório
fareis os querubins nas duas extremidades dele.” (Ex 25,18-19)Neste versículo, Deus ordena a Moisés que construa duas imagens de querubins que serão colocadas em cima da arca-da-aliança, onde estavam as tábuas da lei, dos dez mandamentos. Veja que os
querubins aqui não são objetos de adoração, mas de ornamentação da arca. Salomão também manda construir dois querubins de madeira, que serão colocados no altar para enfeitar o templo (1Rs 6,23-29).
Para deixar mais claro ainda a proibição e a permissão do uso das imagens sacras, vejamos os próximos versículos:
“E o Senhor disse a Moisés: “Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um
poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo. Moisés fez, pois, uma
serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma
serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida”. (Nm 21,8-9)
“Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau asserás.
Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham
até então queimado incenso diante dela. (Chamavam-na Nehustã).”(2Rs 18,4)
Note que no primeiro texto de Nm 21,8-9, Deus não só permitiu o uso da imagem, como também a utiliza para o seu serviço; e a transforma em objeto de benção para seu povo, sinal de Seu amor por Israel.
E no segundo texto de 2Rs 18,4 a mesma serpente de metal que outrora foi construída por Moisés,é repudiada por Deus. Tornou-se objeto de adoração pois “os filhos de Israel lhe queimavam incenso”. Deram a ela o culto devido somente a Deus. A Serpente de metal perdeu como nos mostra o texto, o seu sentido original, porque os filhos de Israel “não tinham escutado a voz do Senhor, seu Deus, mas tinham quebrado a sua aliança, recusando-se a ouvir e executar o que ordenara Moisés, servo do Senhor”.(2Rs 18,12)
Aí fica mais que claro que Deus não condena o uso das imagens sacras e sim a idolatria. É importante lembrarmos que há muitas outras formas de idolatria, como o amor ao dinheiro, aos bens materiais, etc; que substituem o amor que devemos ter somente por Deus.
Seria uma grande blasfêmia considerar Deus como incoerente, já que num lugar da Bíblia manda fazer imagens, esquecido que no outro lugar o teria proibido! Ora, os primeiros cristãos martirizados aos milhares porque se recusaram a adorar imagens de deuses falsos, estudaram a Bíblia com mais atenção e respeito. Eles não tiravam esses trechos proibitivos de seu contexto e, comparando-os com outros, ficaram
convencidos de que Deus proíbe apenas fazer imagens de deuses falsos, e adorá-los - como o faziam os vizinhos pagãos, - mas Ele não proíbe fazer outras imagens.
Eis o verdadeiro sentido desta proibição bíblica, no seu contexto : “Eu sou o Senhor teu Deus que te fez sair do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de minha face. Não farás para ti escultura alguma do que (daqueles falsos deuses, que na errada imaginação dos pagãos) está em cima nos céus, ou debaixo sobre a terra, ou nas águas, de baixo da terra. Não te prostrarás diante deles e não lhes prestarás culto, (à imitação dos pagãos) ( Ex 20,2-5 ).
Por isso os primeiros cristãos pintaram nas catacumbas muitas imagens das cenas bíblicas do Antigo e Novo Testamento, e legaram , para a veneração dos séculos posteriores, as imagens de Cristo-Sofredor, na toalha de Verônica, e no sudário sepulcral, guardado em Turim na Itália.
Alguns santos dos primeiros séculos afirmavam que as imagens da Bíblia, Via Sacra, de Jesus crucificado e dos santos são o único “livro” que também os pobres e analfabetos entendem e aproveitam. Isso vale, ainda hoje, para milhões de pessoas.
O sentido da veneração das imagens, segundo a tradição dos apóstolos, está resumido nesta bênção de imagens, do Ritual Católico:
“Deus eterno e Todo-Poderoso, não reprovais a escultura ou pintura das imagens dos santos, para que à sua vista possamos meditar os seus exemplos e imitar as suas
virtudes. Nós vos pedimos que abençoeis e santifiqueis esta(s) imagen(s), feita para
recordar e honrar o vosso Filho Unigênito e nosso Senhor Jesus Cristo (ou: o(s)
Santo(s) NN). Concedei a todos os que diante dela(s) desejarem venerar e glorificar o
vosso Filho Unigênito (ou: o(s) Santo(s) NN.), que por seus merecimentos e
intercessão, alcancem no presente a vossa graça e no futuro, a glória eterna. Por
Cristo, Nosso Senhor. Amém”.

3. CONCLUSÃO

Trens não andam sozinhos, mas sem o trem o maquinista não nos levaria ao nosso destino. Deus faz o mesmo. Ele valoriza pessoas e coisas na devida ordem. Fazemos o mesmo. Usamos os objetos como o maquinista usa o trem. Sem o maquinista o trem não vai a lugar nenhum. Pessoas são sujeitos, objetos serão sempre objetos.
Deus é todo poderoso e por isso mesmo pode fazer o que quiser e como quiser. Pode fazer uso de pessoas, palavras, gestos e sinais. Se ele quiser nos dar sua mensagem por um anjo, ou por uma pessoa, ou por algum objeto, é seu direito. Objetos também podem traduzir um sinal de Deus. Mas daí a dizer que um objeto é milagroso é um passo gigantesco. Moisés fez brotar água da rocha, mas nem a rocha, nem a água,
nem a vara eram milagrosas; nem Moisés. Milagroso foi e é Deus. Deus fez uso de Moisés, da vara, da água e da rocha para ensinar aos Israelitas o quanto Ele se importa. O Mar Vermelho não era milagroso: Deus, sim. Lugares podem ser santos e especiais, mas milagroso, só Deus. Imagens podem ser veículo para a fé
que, se pode transportar montanhas, pode se valer de algum sinal para operar. Mas é Deus quem faz o milagre.
Dizer que Deus não usa de objetos é não entender a Bíblia. É claro que ele usou de imagens, da sarsa em fogo, da Arca, da serpente de bronze, dos querubins de ouro e de profetas para anunciar Sua presença. Pode usar hoje de imagens que levem a Ele. Por isso, acusar de idolatria todo aquele que usa imagens é cometer pecado e crime de calúnia. Os irmãos protestantes mais exaltados que tomem cuidado
com suas acusações porque ter imagens é bíblico e correto, desde que se faça uso correto delas. Também é bíblico que não se deve atribuir poder a objetos. Nesse caso acontece a idolatria. Uma fé pode chamar o milagre que só Deus opera, mas através de pessoas e sinais. Jesus não teria usado barro e saliva se usar objetos fosse pecado. Usados corretamente eles ajudam a fé. Inclusive as imagens ajudam. Fanáticos nunca
entenderão isso, mas Jesus já disse o que pensa desses boanerges de ontem e de hoje! (Mc 3,17); (Lc 9,54).
Para terem o apelido de Filhos do Trovão, deviam ser muito exagerados e espalhafatosos. E eram!

Nós católicos não sentimos vergonha de nossos óleos, águas, velas, terços,
medalhas e imagens. Se acreditássemos que aqueles objetos têm poder próprio então
cometeríamos, sim, a idolatria. Mas se sabemos que objetos são apenas sinais e que o
poder é de Deus que usa o que ele bem entender para mostrar que nos ama, então,
estamos agindo corretamente. A Bíblia condena a idolatria das imagens, mas permite o
uso correto das mesmas. Mas o milagre, quem faz é Deus. Coisas continuam coisas. Elas
não possuem nenhum poder, mas Deus, que tem poder sobre todas as coisas, pode usá-las.
Ninguém manda em Deus. Deve ser por isso que Jesus fez uso de coisas para chegar às pessoas. É só ler a Bíblia com mais atenção. Não há objetos milagrosos, mas
Deus já usou muitos objetos para fazer milagre.
Está claro ou começamos tudo de novo?

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